sexta-feira, agosto 15, 2025
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O segundo dia do workshop sobre diplomacia científica do CGEE abordou a conexão de infraestruturas científicas.

O segundo dia do Workshop sobre Introdução à Diplomacia Científica para o Desenvolvimento Sustentável: prioridades regionais da América Latina rumo à COP30, que acontece até esta sexta-feira (8), foi marcado por discussões sobre infraestrutura científica, ciência aberta e atuação em foros multilaterais. A iniciativa é organizada pelo Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE), em parceria com o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e o Instituto Interamericano para Pesquisa em Mudanças Globais (IAI). O evento ocorre na sede do CGEE, em Brasília (DF).

As apresentações enfatizaram mecanismos de cooperação internacional destinados ao desenvolvimento sustentável, destacando a promoção de energias renováveis e a troca de experiências institucionais. Um dos principais pontos abordados foi a necessidade de investimentos nacionais coordenados globalmente que atendam às demandas do setor. O debate contou com contribuições do diretor do Centro Latino-Americano de Física (Claf), Ulisses Barres, e da representante do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), Marilda Solon. Os palestrantes abriram a programação com exposições sobre os objetivos dessas instituições no fortalecimento de grupos de pesquisa na América Latina.

Segundo Solon, o CNPEM atua em quatro eixos principais: disponibilização de infraestrutura aberta a pesquisadores do mundo todo; realização de pesquisas internas; apoio à inovação; e formação por meio de uma escola de ciências. “Quando falamos de diplomacia científica, referimo-nos aos seus impactos: como a ciência pode influenciar, afetar e melhorar a diplomacia. Esses impactos são sociais, econômicos e intelectuais, ideias que aumentam o bem-estar da sociedade, fomentam novos negócios e promovem o avanço do conhecimento. As infraestruturas e projetos do CNPEM contribuem para esse processo”, afirmou a representante.

O diretor do Claf ressaltou a importância dos centros de pesquisa como catalisadores da cooperação entre instituições da região. Segundo ele, pequenos laboratórios, não apenas acadêmicos, podem promover a integração entre os países e possibilitar a construção de uma agenda científica comum para a região, com repercussões nas políticas públicas e no setor produtivo.

Ação climática

A programação também incluiu discussões sobre o papel das energias renováveis e dos bens públicos globais na ação climática, sob a perspectiva da cooperação internacional. O debate foi moderado pela coordenadora-geral de Cooperação Multilateral (CGCM) do MCTI, Adriana Thomé. Participaram do painel a assessora da presidência da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), Viviane Simões; o subchefe da Divisão de Mar, Antártica e Espaço do Ministério das Relações Exteriores (DMAE/MRE), Eden Clabuchar; o diretor de Pesquisa e Inovação do Instituto Nacional de Pesquisas Oceânicas (Inpo), Andrei Polejack; e a chefe de gabinete da Secretaria Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (SNPGB) do Ministério de Minas e Energia (MME), Lais Forti.

Conforme Thomé, foram discutidos temas estratégicos para a diplomacia científica brasileira, como energias renováveis, energia nuclear e sua relevância para a transição energética e a sustentabilidade. A sessão também abordou os bens públicos comuns globais, incluindo os regimes internacionais que regulam áreas como espaço, oceanos e Antártica, destacando a importância da ciência e da cooperação internacional na preservação e uso sustentável desses recursos. “Queremos demonstrar, a partir das experiências práticas de nossas unidades de pesquisa e organizações ligadas ao MCTI, como a diplomacia científica se realiza no cotidiano, muitas vezes sem que se perceba, e como conecta agendas nacionais e internacionais”, afirmou a coordenadora-geral de Cooperação Multilateral do MCTI.

Polejack enfatizou que o uso responsável dos recursos naturais comuns à humanidade é essencial para atingir os objetivos da Agenda 2030. Nesse contexto, ele destacou a relevância da diplomacia científica na união de esforços internacionais em prol do meio ambiente. “A ONU espera que os países se unam, especialmente através da diplomacia científica, para gerar resultados que garantam a vida no planeta após 2030. Neste cenário, a América Latina e o Caribe devem priorizar o fortalecimento de suas capacidades em tecnologia, dados e inovação”, afirmou o diretor.

Ele também mencionou que as ferramentas da diplomacia científica são necessárias para expandir o acesso à tecnologia, facilitar a transferência de conhecimento e incentivar o desenvolvimento regional. Nesse sentido, Polejack recordou que o Inpo foca nas grandes agendas globais, mobilizando pessoas, pesquisas e infraestrutura científica.

No período da tarde, ocorreu o Painel 5 – A diplomacia científica em foros multilaterais: protocolo e experiências institucionais, que explorou como a diplomacia científica se articula nesses espaços, combinando conhecimento técnico-científico, coordenação institucional, agendas governamentais e atuação diplomática. O debate investigou as regras formais e informais que regem os foros internacionais, a importância do protocolo nas negociações multilaterais e o papel das instituições nacionais e regionais na mediação entre ciência e política no âmbito global.

Participaram do painel: o diplomata do Ministério das Relações Exteriores, Guilherme Fitzgibbon (Protocolos e práticas para diplomacia científica em foros multilaterais); o representante da Degrees Initiative, Marcos Regis da Silva (Protocolos, práticas e oportunidades para a diplomacia científica em convenções multilaterais); a representante da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA), Vanessa Grazziotin (Perspectiva regional: ciência, meio ambiente e integração amazônica nas instâncias multilaterais); e a representante da Organização dos Estados Ibero-Americanos (OEI), Karina Pombo (Protocolos e práticas em foros multilaterais na América Latina e Caribe).

Para finalizar, grupos de trabalho foram formados com os participantes, visando aprofundar os temas discutidos e propor encaminhamentos colaborativos direcionados à construção de uma agenda regional de diplomacia científica.

Fonte: CGEE

 

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