quinta-feira, agosto 14, 2025
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Debate discute a importância da ciência no fortalecimento das políticas públicas relacionadas à ação climática.

O papel da ciência na promoção de políticas públicas para o desenvolvimento sustentável e no combate às mudanças climáticas foi discutido durante o painel “Diplomacia Científica Rumo à COP30: Clima, Sustentabilidade, Biodiversidade” realizado na sexta-feira (08), em Brasília (DF).

Este tema fez parte da programação do workshop ‘Introdução à Diplomacia Científica para o Desenvolvimento Sustentável: Prioridades Regionais da América Latina rumo à COP30’, que reuniu formuladores de políticas, cientistas e representantes de setores produtivos de 15 países com o intuito de fortalecer a diplomacia científica como estratégia para enfrentar desafios globais complexos.

O evento, promovido pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) em colaboração com o Centro de Diplomacia Científica do Instituto Latinoamericano para Pesquisa em Mudança do Clima (IAI) e o Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE), está integrado aos diálogos para a Conferência do Clima, que ocorrerá em novembro em Belém (PA). Com base na diplomacia científica, recomendações estratégicas serão feitas para identificar prioridades e elaborar propostas regionais.

Ao abordar o papel do MCTI na agenda climática, o coordenador-geral de Ciência do Clima do ministério, Márcio Rojas, destacou a importância da conexão entre ciência e políticas públicas diante dos crescentes desafios globais. “Nosso papel é incentivar pesquisas na vanguarda do conhecimento sobre mudanças climáticas no Brasil, para que o conhecimento gerado possa servir de base para a tomada de decisões”, afirmou. O trabalho também envolve a necessidade de informar e democratizar o conhecimento produzido, para que a sociedade se aproprie das informações e esteja bem informada sobre as mudanças climáticas.

Rojas exemplificou como, através de dois projetos de pesquisa significativos, o Observatório da Torre Alta da Amazônia (ATTO) e o Programa AmazonFACE, que têm colaboração internacional da Alemanha e do Reino Unido, foram desencadeadas novas colaborações e iniciativas. “A diplomacia científica nos permitiu avançar em novas direções, criando um ciclo virtuoso de sinergias”, afirmou.

Sistemas de alertas antecipados – O coordenador-geral de Pesquisa e Desenvolvimento do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), José Marengo, discutiu a importância do uso de dados científicos para ações preventivas em relação a desastres.

Ele apontou que, no Brasil e na América Latina, a maioria dos desastres é climática, associada a chuvas ou secas. No entanto, a vulnerabilidade e a exposição das populações é que determinam os impactos. “A chuva não mata, mas sim as pessoas que habitam áreas vulneráveis”, disse. De acordo com a Base Internacional de Dados sobre Desastres, em 2023, enchentes e tempestades foram a principal causa de mortes relacionadas a desastres na América Latina e no Caribe, seguidas por deslizamentos de terra causados por chuvas.

Para o pesquisador, aumentar o acesso a sistemas de alerta antecipado é um passo crucial na prevenção de desastres.

Não basta produzir ciência de excelência – O diretor de Conservação e Uso Sustentável da Biodiversidade do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), Bráulio Ferreira de Souza Dias, destacou a necessidade de aprimorar a interação entre ciência e políticas. Segundo ele, é crucial valorizar os cientistas, que muitas vezes não recebem o reconhecimento merecido por sua colaboração com governos e indústrias. Dias também enfatizou que existem resistências e preocupações entre pesquisadores quanto a essas colaborações, temendo que sua independência possa ser comprometida. “Algumas universidades já superaram essa barreira e estabeleceram diretrizes. É necessário mais engajamento”, comentou.

Na opinião do diretor, outro aspecto que precisa evoluir é a forma de comunicar a ciência para a sociedade. Além de produzir ciência de alta qualidade que ofereça soluções, há barreiras que dificultam o acesso a esse conhecimento. “Apenas publicar artigos e relatórios não é suficiente; as pessoas se interessam quando há conexão com suas vidas cotidianas”, resumiu.

Regimes internacionais ambientais – O coordenador de assuntos científicos e tecnológicos do Departamento de Clima do Ministério das Relações Exteriores (MRE) e representante do Brasil no Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima (IPCC), Pedro Ivo Ferraz da Silva, abordou a relação entre diplomacia e ciência, ressaltando que a ciência é um pilar fundamental dos regimes internacionais ambientais. “Eu afirmaria que esses regimes existem graças à ciência. Sem ela, não teríamos as evidências necessárias sobre as mudanças climáticas para fundamentar decisões políticas para enfrentar esse problema”, declarou. Ele citou a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC), estabelecida em 1992, como resultado dos dados do IPCC, criado em 1988.

Silva também destacou a relevância de espaços de debate e colaboração em ciência climática em fóruns internacionais, como o BRICS, que proporcionam oportunidades para discutir e colaborar em questões compartilhadas entre países em desenvolvimento. “Esse é um espaço, talvez um aspecto do BRICS que não é muito conhecido, mas que tem avançado consideravelmente. Vejo o BRICS como um espaço essencial para promover o debate sobre ciência climática”, concluiu.

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