quinta-feira, agosto 14, 2025
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Dólar recua ao menor nível desde junho e Ibovespa sobe

O dólar fechou a sessão desta terça-feira (12) com queda de 1,06%, cotado a R$ 5,3855, no menor valor desde 27 de junho de 2024, quando estava em R$ 5,3819. O movimento foi impulsionado por dados de inflação no Brasil e nos Estados Unidos abaixo das projeções, o que reforçou a percepção de um cenário mais favorável para cortes de juros.

O Ibovespa acompanhou o otimismo e subiu 1,69%, encerrando aos 137.914 pontos, com destaque para ações de setores mais sensíveis a juros, como varejo, construção civil e tecnologia.

Brasil: IPCA abaixo do esperado e impacto nas expectativas

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) avançou 0,26% em julho, segundo o IBGE, abaixo da expectativa de 0,36%. No acumulado de 12 meses, a inflação oficial é de 5,23%, ainda acima da meta de 3% estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).

O grupo Habitação foi o principal vetor de alta no mês, com avanço de 0,91%, puxado pela energia elétrica residencial (+3,04%). Já o grupo Alimentação e bebidas registrou deflação de 0,27%, segunda queda consecutiva.

Para Igor Cadilhac, economista do PicPay, o resultado qualitativamente foi “misto, mas melhor do que o esperado”. Ele pondera, porém, que o núcleo de serviços subjacentes (0,49%) ainda exige cautela, pois mantém pressão sobre a inflação e pode limitar cortes mais agressivos na Selic.

O mercado já projeta maior probabilidade de o Banco Central manter o ritmo de redução da taxa básica em 0,25 ponto percentual nas próximas reuniões, podendo acelerar apenas se os indicadores de inflação e atividade convergirem mais rapidamente para a meta.

EUA: CPI reforça cenário para afrouxamento monetário

Nos Estados Unidos, o índice de preços ao consumidor (CPI) avançou 0,2% em julho, em linha com o consenso mensal, mas o acumulado anual ficou em 2,7%, abaixo da projeção de 2,8%. O núcleo de inflação, contudo, apresentou o maior avanço em seis meses, em meio aos efeitos das tarifas comerciais impostas pela administração Trump.

Mesmo assim, os dados reforçaram apostas de que o Federal Reserve poderá cortar os juros já na reunião de setembro, para a faixa de 4% a 4,25% ao ano.

A curva de Treasuries refletiu essa expectativa: os rendimentos dos títulos de dois anos recuaram, sinalizando aumento da probabilidade implícita de corte, enquanto ativos de maior risco, como ações e moedas emergentes, registraram valorização.

Cenário político e riscos de mercado

No Brasil, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva manteve agenda com ministros e conversou por telefone com Xi Jinping, presidente da China, sobre o papel do G20 e do BRICS na defesa do multilateralismo. A diplomacia brasileira busca construir um plano de ação contra o tarifaço de 50% imposto pelo governo Trump a produtos brasileiros.

Nos EUA, a demissão da comissária do Bureau of Labor Statistics, Erika McEntarfer, e a nomeação de E.J. Antoni geraram dúvidas sobre a confiabilidade dos dados econômicos oficiais, aumentando o grau de incerteza institucional.

Perspectiva para os próximos dias

  • Câmbio: movimento de baixa do dólar pode continuar se os dados de inflação e atividade indicarem espaço para cortes de juros no Brasil e nos EUA, mas as tensões comerciais com os EUA seguem como risco.
  • Bolsa: setores domésticos devem seguir favorecidos, especialmente consumo e construção, mas volatilidade pode aumentar com notícias sobre tarifas e política monetária internacional.
  • Juros futuros: tendência de queda nos DIs curtos, refletindo expectativas de cortes moderados na Selic, enquanto a ponta longa permanece sensível a incertezas fiscais e geopolíticas.
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