segunda-feira, setembro 1, 2025
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Inpa e a comunidade científica da Amazônia apresentaram um documento com sugestões para a Conferência do Clima.

A comunidade científica e tecnológica da Amazônia apresentou ao presidente da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas – COP30, embaixador André Corrêa do Lago, um documento que enfatiza a importância do conhecimento gerado na Amazônia, combinado com saberes tradicionais, na luta contra a crise climática, promovendo justiça socioambiental e desenvolvimento sustentável. A entrega ocorreu na Universidade Federal do Amazonas (Ufam), em Manaus.

O diretor do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI), professor Henrique Pereira, e outros pesquisadores contribuíram para o documento, que foi entregue também à ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, e à primeira-dama, Rosângela Lula da Silva, Janja. Estavam presentes o ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Márcio Macêdo, além de deputados, cientistas, professores e representantes de movimentos indígenas e ribeirinhos.

Elaborado em um mutirão científico de dois meses, o documento surgiu de contribuições de mais de 70 instituições e foi consolidado em um encontro. Sua síntese será incorporada às Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) do Brasil para o período de 2025 a 2035, alinhadas a políticas públicas como o Plano de Transformação Ecológica, o Plano Clima e a Nova Indústria Brasil. A reitora da Ufam, Tanara Lauschner, fez a leitura da carta.

Essa entrega marcou o fechamento do Encontro da Comunidade Científica e Tecnológica da Amazônia, com a presença de autoridades do Governo Federal, incluindo a ministra Luciana Santos, a primeira-dama Janja e o ministro Márcio Macêdo.

O embaixador André Corrêa do Lago destacou a contribuição dos pesquisadores da Amazônia para a COP30, que ocorrerá em novembro em Belém (PA). “Precisamos ser os maiores especialistas de nós mesmos, e é com grande entusiasmo que recebo este documento”, afirmou.

Ele também ressaltou a importância da participação inclusiva e transparente do Brasil na conferência. “A COP30 deve ser inclusiva, e precisamos mostrar ao mundo que estamos unidos em torno da Amazônia. Essa região, muitas vezes vista como problemática, é também fonte de soluções para o planeta”, completou.

Conforme o diretor do Inpa, professor Henrique Pereira, que colaborou na produção do documento junto ao coordenador de pesquisas do instituto, Dr. Jorge Porto, o relatório representa as contribuições de mais de 70 instituições científicas e tecnológicas, incluindo soluções para que o Brasil alcance suas metas, como a recuperação de 12 milhões de hectares e o controle do desmatamento na Amazônia até 2030. “Isso é essencial para desenvolver sistemas agroalimentares resilientes, garantindo a segurança e a soberania alimentar da Amazônia frente ao futuro do clima global”, explicou o diretor.

Outras contribuições significativas do Inpa para a política climática brasileira, destacadas pelo diretor, incluem tecnologias para a recuperação de áreas degradadas e conhecimentos sobre silvicultura de espécies nativas. “Esses aspectos são cruciais para pensarmos na recuperação e restauração ecológicas, além das pesquisas sobre a agrobiodiversidade da Amazônia, desde a conservação de recursos genéticos até sua utilização na biotecnologia”, pontuou Pereira.

A ministra Luciana Santos reconheceu o destaque internacional de institutos como o Inpa, enfatizando que o conhecimento produzido na Amazônia tem impacto global. “Instituições como o Inpa, Museu Emílio Goeldi e Inpe têm grande relevância por sua consistência e produtividade, interagindo com os desafios da Amazônia — um bioma potente para o Brasil e para o mundo”, afirmou.

Ela também comentou sobre os esforços do Brasil em cumprir suas metas climáticas, cobrando que os países do norte global assumam compromissos concretos de descarbonização, além de ressaltar que os programas apoiados pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT) aumentaram de dez para 12, incluindo ações relacionadas ao aquecimento global e ao Plano Brasileiro de Inteligência Artificial.

O Inpa se destaca na cena científica, mantendo, por meio do Programa de Coleções Científicas Biológicas (PCCB), um dos maiores repositórios da biodiversidade amazônica, com mais de 1,2 milhão de exemplares em coleções de Botânica, Microbiologia e Zoologia. Com mais de 60 anos de história, esses acervos são referência mundial e servem de suporte a pesquisas e políticas públicas. O Inpa também coordena o AmazonFACE, primeiro experimento em larga escala de enriquecimento de CO2 em ambiente aberto em uma floresta tropical madura, conduzido por um grupo de pesquisadores de várias nacionalidades.

O evento contou ainda com a presença da primeira-dama Rosângela Lula da Silva, Janja, que ressaltou seu papel como enviada especial das mulheres, buscando colocar suas questões no centro das discussões. “Estou usando a minha voz para representar as mulheres das comunidades, das ribeirinhas, pescadoras e marisqueiras que vivem as consequências das mudanças climáticas”, declarou.

O documento foi elaborado coletivamente em dois meses, em um mutirão científico, e orientado por discussões sobre as contribuições das instituições de ciência e tecnologia para os 30 objetivos da Agenda de Ação da COP30, organizada em seis eixos prioritários, incluindo energia, indústria, transporte, gestão de florestas e desenvolvimento humano.

Diversas universidades federais e estaduais, institutos de ciência e tecnologia do MCTI, Embrapa, instituições federais e Fiocruz colaboraram na construção do documento, coordenado pelo Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável (CDESS) e pela Secretaria de Relações Institucionais (SRI/Presidência da República).

O Inpa também foi um parceiro importante na elaboração do Relatório de Atividades da COP30 na Amazônia, produzido pela Comissão Temporária da Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam) a partir de diálogos com entidades representativas. O relatório, entregue no mesmo dia em Sessão Ordinária, destaca justiça climática, financiamento internacional para adaptação e mitigação, e a transição justa para economias de baixo carbono, respeitando modos de vida tradicionais.

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