O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil registrou um crescimento de 0,4% no segundo trimestre de 2025 em comparação aos três primeiros meses do ano, conforme dados ajustados sazonalmente divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado, publicado na terça-feira (2/9), está alinhado com as previsões da Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Fazenda e ligeiramente acima da mediana das expectativas do mercado, que era de 0,3%.
Durante o segundo trimestre, a economia brasileira apresentou sinais de desaceleração em quase todos os setores. Na oferta, a agropecuária teve uma leve queda de 0,1%, após um êxito de 12,3% no início do ano. Por outro lado, a indústria cresceu 0,5%, demonstrando uma recuperação em relação à estagnação anterior. Os serviços, por sua vez, continuaram em expansão, com um aumento de 0,6%, superando a variação de 0,4% do trimestre anterior.
Na análise da demanda, o consumo das famílias mantiveram-se em alta, porém com um ritmo moderado, indo de 1,0% para 0,5% em relação ao trimestre anterior. O consumo governamental, por sua vez, caiu 0,6% após um período de estabilidade. Os investimentos também apresentaram um declínio de 2,2% após uma sequência de seis trimestres de crescimento. No comércio exterior, as exportações aumentaram em 0,7%, inferior aos 3,1% do período anterior, enquanto as importações caíram 2,9%, revertendo o aumento de 5,5% observado nos primeiros três meses do ano.
Essas mudanças resultaram em um impacto negativo da absorção doméstica, que contribuiu com -0,2 ponto percentual para o PIB, contrastando com a contribuição positiva de 1,2 ponto no trimestre anterior. Em contrapartida, o setor externo contribuiu para sustentar o crescimento, com um aporte de 0,7 ponto percentual ao PIB, principalmente devido à queda nas importações. A variação dos estoques teve um leve efeito negativo, de -0,1 ponto percentual.
Comparando com o mesmo período de 2024, o PIB brasileiro cresceu 2,2% no segundo trimestre de 2025, uma desaceleração em relação à alta de 2,9% no início do ano, mas atendendo às expectativas do mercado e da SPE. Entre os setores, a indústria foi a que mais perdeu ímpeto, enquanto agropecuária e serviços se mantiveram próximos ao desempenho anterior. O crescimento da agropecuária foi de 10,1%, impulsionado por safras recordes de milho, soja, arroz, algodão e café, além da pecuária. A indústria teve um crescimento de 1,1%, que representa menos da metade da expansão registrada nos três primeiros meses do ano, refletindo a desaceleração em construção e a queda na geração de energia e gás.
O crescimento do setor de serviços foi de 2,0%, ligeiramente abaixo do trimestre anterior, com destaque para transportes, armazenagem e atividades financeiras. No lado da demanda, o consumo das famílias cresceu 1,8% em relação ao ano anterior, abaixo da taxa de 2,6% do primeiro trimestre, refletindo uma menor expansão da massa salarial e do crédito. O consumo governamental aumentou apenas 0,4%, após um crescimento de 1,1% no trimestre anterior. Os investimentos tiveram um aumento de 4,1%, mas em ritmo mais lento em comparação ao início do ano, devido à desaceleração no setor de construção e à queda na produção de bens de capital.
O setor externo teve um papel mais significativo neste trimestre, com exportações crescendo 2,0%, principalmente em produtos extrativos e industrializados. As importações também subiram, mas em um ritmo mais lento, 4,4%, em comparação aos 14% registrados anteriormente, o que ajudou a melhorar o saldo externo.
Para o terceiro trimestre, a expectativa é de um ritmo de crescimento do PIB um pouco inferior ao do segundo trimestre. Embora a desaceleração nas concessões de crédito tenha se intensificado, junto ao aumento das taxas de juros e da inadimplência, o mercado de trabalho permanece resilientente, podendo impulsionar a atividade econômica com o pagamento de precatórios e a crescente oferta de crédito consignado.
Apesar da previsão inicial de leve desaceleração, a expectativa para o crescimento de 2,5% em 2025 tem um viés de baixa ao considerar a desaceleração mais acentuada observada no segundo trimestre em comparação ao que era esperado em julho, além dos efeitos acumulados da política monetária sobre a atividade econômica. Entre os países do G-20 que já divulgaram os resultados do PIB do segundo trimestre, o Brasil ocupa a nona posição na margem, a sexta na comparação interanual e também no acumulado em quatro trimestres.
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