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Líderes asiáticos discutem abordagens éticas para enfrentar as mudanças climáticas, fortalecendo o “mutirão” rumo à COP30

Na última segunda-feira, 1º de setembro, a capital indiana sediou o terceiro Diálogo Regional do Global Ethical Stocktake (GES), um componente essencial do processo de mobilização social que precede a COP30, Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas a ser realizada em Belém.

O evento contou com a participação de 22 indivíduos, incluindo ativistas climáticos, artistas, cientistas, representantes da sociedade civil e autoridades públicas, que se envolveram em uma reflexão coletiva sobre como a humanidade deve avançar eticamente na luta contra as mudanças climáticas. Os debates centraram-se na necessidade de alinhar esforços com a ciência climática e a meta do Acordo de Paris de limitar o aumento da temperatura global a 1,5°C em relação aos níveis pré-industriais.

Os participantes reafirmaram seu compromisso com o movimento global convocado pela Presidência da COP30, visando a implementação eficaz dos acordos climáticos estabelecidos na última década, que buscam mitigar os impactos da crise climática, que afeta desproporcionalmente as comunidades mais vulneráveis do planeta.

Entre os participantes de destaque estavam a Ministra do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas do Brasil, Marina Silva (presente de forma remota); o laureado com o Prêmio Nobel da Paz e co-líder asiático do GES, Kailash Satyarthi; o Presidente da COP30, Embaixador André Corrêa do Lago; a CEO da COP30, Ana Toni; e o Embaixador do Brasil na Índia e Butão, Kenneth Nóbrega.

A Ministra Marina Silva destacou que o Global Ethical Stocktake busca avaliar o estado atual da emergência climática sob a ótica da ética dos valores, contrabalançando a ética das circunstâncias que contribuíram para a piora das crises enfrentadas. Ela apontou que, devido à crise climática, cerca de 500.000 vidas são perdidas anualmente em razão de ondas de calor.

Satyarthi enfatizou a urgência de ação, declarando: “A complacência é um desejo de morte. Nosso planeta está em chamas, e o tempo de agir é agora. Devemos transformar fundamentalmente nossa maneira de viver, redefinir o crescimento, combater a injustiça climática e unir forças em uma nova era de cooperação global. Vamos globalizar a compaixão para proteger nosso lar.”

O GES convida a humanidade a refletir sobre os avanços realizados, as ações ainda necessárias e as mudanças comportamentais e sociais coletivas exigidas para alcançar a meta de 1,5°C. O processo é inspirado pelo Global Stocktake do Acordo de Paris, concluído na COP28 nos Emirados Árabes Unidos.

Apesar de existirem soluções tecnológicas para a crise climática, o GES ressalta que o compromisso ético é o que falta. Os diálogos buscam abrir caminho para a implementação total dos acordos climáticos assinados por quase 200 países desde 2015.

O foco principal é o Consenso dos Emirados Árabes Unidos, estabelecido na COP28, onde os países concordaram em triplicar a capacidade de energia renovável, dobrar a eficiência energética, acabar com o desmatamento e abandonar os combustíveis fósseis.

Marina Silva enfatizou que “cabe a nós transformar esta agenda em ação, e os compromissos em resultados tangíveis para todas as regiões. O maior desafio não é mais discutir o que deve ser feito, mas ter a coragem moral e ética para realizá-lo.”

Sob a liderança do Presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva e do Secretário-Geral da ONU António Guterres, o GES produzirá seis relatórios regionais e um relatório de síntese, a serem apresentados na Pre-COP em Brasília, em outubro. Esses documentos serão submetidos à Presidência da COP30 para informar os processos de tomada de decisão e orientar chefes de Estado e negociadores climáticos.

O Embaixador André Corrêa do Lago destacou que o GES traz à Presidência da COP30 questões de múltiplos setores da sociedade global que precisam ser consideradas, além das preocupações expressas por países individuais. “Nas negociações internacionais, apenas os países falam. Mas, no final das contas, o que importa são as pessoas”, afirmou.

Ana Toni declarou que o Global Ethical Stocktake deve ser uma diretriz para a COP30, acrescentando que “nestes encontros, trazemos a bússola moral necessária para enfrentarmos a COP30.” A CEO da conferência alertou que “o tempo é nosso maior inimigo” no combate às mudanças climáticas, ressaltando que cada dia de inação implica mais sofrimento para pessoas ao redor do mundo.

O GES está sendo realizado por meio de uma série de Diálogos Regionais que ocorrerão em continentes diferentes até outubro de 2025. O primeiro ocorreu em Londres (Europa), seguido por Bogotá (América do Sul, Central e Caribe), co-organizado pelas ex-presidentes Mary Robinson (Irlanda) e Michelle Bachelet (Chile).

Os próximos diálogos ocorrerão na África, co-liderados pela ativista climática Wanjira Mathai; na Oceania, co-liderados pelo ex-presidente de Kiribati, Anote Tong; e na América do Norte, co-liderados por Karenna Gore, ativista americana e fundadora do Center for Earth Ethics.

Além dessas reuniões de alto nível, Diálogos Auto-Organizados estão sendo estimulados em todo o mundo, liderados pela sociedade civil e governos nacionais/subnacionais, seguindo a mesma metodologia e princípios.

A reunião em Nova Délhi foi realizada na sede do Council on Energy, Environment and Water (CEEW) e organizada com o apoio do Ministério Federal de Meio Ambiente, Conservação da Natureza e Segurança Nuclear da Alemanha.
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