O Ministério de Minas e Energia (MME) e a Empresa de Pesquisa Energética (EPE) divulgaram na última sexta-feira o Caderno de Preços Internacionais do Petróleo e seus Derivados, parte do Plano Decenal de Expansão de Energia (PDE) 2035. O documento traz análises e projeções para os mercados internacionais de petróleo até 2035, com o intuito de orientar decisões estratégicas para o setor energético brasileiro nos próximos anos.
A avaliação dos preços do petróleo e de seus derivados é crucial para entender a competitividade de fontes e tecnologias energéticas alternativas, especialmente em um cenário global marcado pela volatilidade geopolítica. O Brasil, diante de pressões diplomáticas, busca gerenciar os impactos da instabilidade nos preços das commodities e aproveitar a oportunidade de posicionar seu petróleo de baixa intensidade de carbono como um ativo energético confiável, reforçando sua autonomia estratégica.
O relatório aponta para uma pressão estrutural de baixa nos preços do petróleo no curto prazo, resultado de uma oferta elevada, estoques acumulados e crescimento moderado da demanda. Os riscos geopolíticos, como conflitos no Oriente Médio e tensões comerciais entre Estados Unidos e China, são destacados como fatores que aumentam a volatilidade nos mercados.
Além disso, a Opep+ tem concentrado seus esforços não apenas na otimização de preços, mas também na reafirmação de seu poder estratégico em um cenário energético em transformação, lidando com o desafio de equilibrar alinhamentos geopolíticos e disciplina interna, enquanto enfrenta a competitividade do shale norte-americano.
No que diz respeito aos derivados, a previsão é de que os preços se mantenham elevados, embora abaixo da média das últimas duas décadas. O óleo diesel continuará a ter um prêmio significativo, devido à sua relevância em setores de difícil descarbonização, enquanto a gasolina tende a ver uma redução desse prêmio ao longo do tempo, refletindo o aumento da eletrificação nos veículos leves.
A análise ressalta que transformações no parque de refino global estão em curso, visando manter a atratividade dos investimentos no setor, levando em conta a demanda energética e o crescimento no setor de transformação, onde o óleo diesel e a nafta ainda são relevantes, enquanto gasolina, coque e óleo combustível perdem importância.
A hegemonia da China em suprimentos de energia renovável e em cadeias de minerais estratégicos é identificada como um fator que redefine as estratégias geoeconômicas globais, impactando diretamente a competitividade e a formação de preços energéticos. Para o Brasil, essa situação é particularmente significativa, dado seu papel como importante produtor de petróleo offshore e um dos principais produtores de biocombustíveis.
O Caderno de Preços Internacionais do Petróleo e seus Derivados está disponível online.
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