quinta-feira, setembro 19, 2024
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Buraco na camada de ozônio sobre a Antártida deve se fechar até 2066, afirma ONU

O buraco na camada de ozônio sobre a Antártida, um dos principais problemas ambientais combatidos desde os anos 1980, está em processo de recuperação e deve se fechar completamente até 2066, segundo estimativas da Organização Meteorológica Mundial (OMM), parte da ONU. No entanto, o sucesso desse processo depende da manutenção das políticas públicas e compromissos ambientais pelos próximos 40 anos.

O Boletim Anual de Ozônio e UV, divulgado pela OMM na última segunda-feira (16), indica que, embora a recuperação esteja em andamento, o buraco ainda apresenta um comportamento preocupante. Em setembro de 2023, o buraco atingiu uma área máxima de 26 milhões de km² — cerca de três vezes o tamanho do Brasil — segundo medições da Agência Espacial Europeia (ESA). Apesar de seu tamanho recorde, o buraco retrocedeu após alcançar esse pico.

Recuperação Lenta, Mas Promissora

O relatório da OMM aponta que o buraco de ozônio sobre a Antártida tem se recuperado lentamente desde os anos 2000, tanto em termos de área quanto de profundidade. Esse é o maior buraco a afetar a ozonosfera, a parte da estratosfera responsável por filtrar a radiação ultravioleta nociva. No entanto, eventos recentes como a erupção do vulcão em Tonga, em janeiro de 2022, prolongaram a duração do buraco em 2023, com um início precoce no final de agosto e um encerramento tardio em dezembro.

Os especialistas acreditam que o aumento dos níveis de vapor d’água na estratosfera, causado pela erupção, contribuiu para a destruição do ozônio. No entanto, a OMM destaca que esses eventos incomuns não comprometem a recuperação gradual da camada de ozônio, mas revelam a necessidade de mais estudos sobre a variabilidade atmosférica que pode influenciar o buraco.

Outros Buracos e Previsões

Além do buraco na Antártida, outros buracos na camada de ozônio também estão em processo de recuperação. O segundo maior, localizado no Ártico, deve se fechar até 2045, enquanto buracos menores têm previsão de recuperação para 2040.

Impacto do Protocolo de Montreal

O processo de regeneração da camada de ozônio é um resultado direto de acordos internacionais, como o Protocolo de Montreal, assinado em 1987, que estabeleceu a redução das emissões de clorofluorcarbonetos (CFCs), substâncias anteriormente encontradas em eletrodomésticos como geladeiras. Em 2016, o Protocolo foi reforçado com a Emenda de Kigali, que visa controlar o aquecimento global ao limitar o uso de gases de efeito estufa.

“A camada de ozônio, outrora um paciente doente, está a caminho da recuperação”, afirmou António Guterres, secretário-geral da ONU, em um comunicado. A completa implementação dessas medidas pode evitar o aumento da temperatura global em até 0,5°C até o final deste século, contribuindo significativamente para o controle das mudanças climáticas e a proteção da vida na Terra.

O fechamento do buraco na camada de ozônio representa um dos maiores sucessos de cooperação internacional em prol do meio ambiente, mas o caminho ainda exige vigilância e comprometimento contínuos para garantir o futuro do planeta.

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