terça-feira, setembro 9, 2025
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Santos e Guarujá terão sua ligação histórica finalmente concretizada com a construção de um túnel submerso, um projeto que aguardou um século para sair do papel

Desde a década de 1920, quando Santos se firmava como o maior porto da América Latina, a população da Baixada Santista aguarda a concretização de uma ligação definitiva com o Guarujá. O porto, já considerado um motor do desenvolvimento nacional, crescia em movimentação de cargas, mas a travessia por balsas começava a revelar suas limitações. Nesse cenário, surgia a ideia de uma ligação terrestre entre as duas cidades, um anseio que se arrastou ao longo do século XX sem se concretizar.

Nos anos 1940, a proposta ganhou novos contornos. Em 1948, engenheiros e autoridades discutiram a possibilidade de construir uma ponte levadiça, que permitiria o trânsito de veículos e pedestres sem interromper a navegação. A discussão gerou polêmica: havia quem defendesse a obra como uma solução moderna, enquanto outros temiam que comprometeria o futuro do porto, limitando a entrada de navios maiores. As soluções mais viáveis, como um túnel, esbarravam nos altos custos e na complexidade técnica da época.

As décadas seguintes foram marcadas por avanços e retrocessos. Nos anos 1960, novos estudos foram realizados, refletindo o desejo de modernização. Na década de 1980, governos estaduais e federais anunciaram projetos, mas crises econômicas e a escassez de recursos frustraram a população, que via suas esperanças se desfazerem a cada nova promessa.

No início do século XXI, a expectativa aumentou. Em 2010, um novo anúncio reacendeu a esperança de que a ligação finalmente se tornaria realidade, porém, obstáculos financeiros e ambientais novamente emperraram a obra. O túnel, portanto, tornou-se um símbolo de um sonho adiado, representando a urgência de uma solução para a região.

Essa espera configurou parte da memória coletiva local. Gerações de moradores herdaram a expectativa de ver a travessia construída. Aqueles que diariamente atravessam o estuário enfrentam desafios, especialmente em dias de mau tempo. A falta de uma passagem direta não só limita a integração entre as cidades, mas também apresenta obstáculos logísticos para o escoamento das cargas de um dos maiores complexos portuários do mundo.

O cenário começou a mudar em 2024, quando o Governo Federal incluiu a obra no Novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). Pela primeira vez, havia clareza quanto ao orçamento, cronograma e modelo de execução. Em agosto de 2025, o edital foi lançado para a construção do primeiro túnel submerso da América Latina, com um investimento previsto de R$ 6,8 bilhões.

Em visita a Santos, o ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, percorreu o trajeto da futura obra e sintetizou o sentimento geral. “É uma honra participar deste momento. Trata-se de uma construção que já completa 100 anos e impactará a vida de cerca de 80 mil pessoas que cruzam diariamente esse canal. Um projeto que muitos gostariam de ver realizado e que agora se torna realidade.”

O túnel não será apenas uma obra monumental em termos de investimento, mas também deverá promover uma transformação significativa na região. A travessia submersa possibilitará maior integração urbana e logística, facilitando o deslocamento de trabalhadores, estudantes e famílias, além de impulsionar o Porto de Santos, aumentando sua competitividade internacional.

O projeto também considerou o impacto ambiental, propondo soluções sustentáveis que visam reduzir emissões. A obra incluirá espaço para ciclistas e pedestres, promovendo uma mobilidade mais limpa e integrada ao sistema de transporte existente.

Com 1,5 km de extensão, sendo 870 metros imersos, o túnel contará com duas faixas por sentido, um corredor exclusivo para o VLT e acessos para pedestres e ciclistas. Mais do que uma solução de mobilidade, trata-se de um marco de engenharia inédito na América Latina, que promete transformar a rotina de quem vive na Baixada Santista. Estima-se que cerca de 80 mil pessoas utilizem diariamente a nova conexão, atualmente limitada às balsas.

Para os moradores, o impacto vai além da melhoria no transporte. Maria Eduarda, estudante da região, destaca a importância da obra para otimizar o tempo de deslocamento. “É essencial que possamos dar mais conforto para quem trabalha nas cidades.”

A autônoma Meire Rodrigues enfatiza a busca por segurança. “Acredito que isso vai facilitar muito a locomoção, diminuindo os atrasos. Hoje, a travessia é arriscada, especialmente em dias de chuva. O túnel será uma grande ajuda.”

Depois de cem anos de tentativas, a ligação entre Santos e Guarujá começa a se materializar, simbolizando um encontro entre memória, inovação e desenvolvimento, e sinalizando o início de uma nova era de mobilidade para a Baixada Santista.
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