Brasília, 28/08/2025 – O Cadastro Nacional de Pessoas Desaparecidas (CNPD) foi oficialmente lançado na quarta-feira (27), em Brasília, com o objetivo de unificar e cruzar informações de diferentes unidades federativas para fortalecer as investigações e aumentar as chances de resolução de casos em todo o Brasil. A iniciativa, promovida pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) por meio da Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp), responde a uma demanda social por soluções mais eficazes na condução de investigações, especialmente em data próxima ao Dia Internacional da Pessoa Desaparecida, comemorado em 30 de agosto.
O secretário Nacional de Segurança Pública, Mario Sarrubbo, ressaltou que há um débito do poder público para com as famílias de pessoas desaparecidas. “O cadastro é fruto de um esforço que envolve delegacias, unidades federativas e organizações sociais, e é vital o engajamento da sociedade para resolver esses casos e recuperar a dignidade dos familiares”, afirmou.
O CNPD inclui um painel público com fotos e informações básicas sobre os desaparecidos, permitindo fácil compartilhamento nas redes sociais. Além disso, cidadãos podem encaminhar dados diretamente às autoridades, via e-mail ou WhatsApp.
Para os órgãos de segurança, a nova ferramenta representa um avanço significativo, pois integra automaticamente os boletins de ocorrência, facilitando o trabalho policial e acelerando as investigações. Em 2024, o Brasil registrou 81 mil desaparecimentos, com 55 mil casos solucionados, resultando em uma taxa de localização de 68%. A expectativa é de que o CNPD contribua para aumentar esse índice nos próximos anos.
Isabel Figueiredo, diretora do Sistema Único de Segurança Pública (Dsusp), reforçou o compromisso do Estado com as famílias: “Queremos reafirmar que elas não estão sozinhas. O apoio da sociedade é essencial na busca ativa por desaparecidos.”
O sistema possui duas interfaces principais: uma voltada para profissionais de segurança, com detalhes dos boletins de ocorrência, e outra acessível ao público, onde informações são publicadas após análise policial e autorização familiar. Os registros são automaticamente inseridos no CNPD conforme são enviados ao MJSP pelo Sistema Nacional de Informações de Segurança Pública – Integração (Sinesp – Integração). Atualmente, há 86.367 registros de pessoas desaparecidas e 28.580 de pessoas localizadas, oriundos de 12 estados que utilizam o Procedimento Policial Eletrônico. Outras 14 unidades federativas também se comprometeram a compartilhar informações.
Durante o evento, Débora Alves Inácio, mãe de Kaio Inácio Bispo, desaparecido há 12 anos, destacou a importância do cadastro: “Quando meu filho sumiu, percebi que os órgãos não se comunicavam entre si. Agora, espero que muitos casos possam ser resolvidos.”
A cerimônia também contou com a presença de Priscila Carvalho Leão, diretora de Defesa dos Direitos Humanos do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania; Nicolas Olivier, chefe da Delegação Regional do Comitê Internacional da Cruz Vermelha; e Ivanise Esperidião, representante do Movimento Nacional de Familiares de Pessoas Desaparecidas.
Campanha Não Espere 24h
Ainda durante a cerimônia, o MJSP anunciou uma parceria com o Grupo Piracanjuba para a campanha Não Espere 24h, que utiliza inteligência artificial para atualizar imagens de desaparecidos, mostrando como poderiam estar atualmente. As fotos serão divulgadas nas embalagens de leite das marcas Piracanjuba e LeitBom.
A partir de setembro, as caixas também exibirão a frase #Não Espere 24h, enfatizando a importância de registrar ocorrências imediatamente, sem aguardar um dia após o desaparecimento, e oferecerão um link para a página do MJSP com orientações sobre como proceder em casos de desaparecimento. A medida visa aumentar a visibilidade do tema e, consequentemente, as chances de localização de pessoas desaparecidas.
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