sexta-feira, setembro 5, 2025
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Líderes africanos debatem impactos das mudanças climáticas e soluções locais durante o Global Ethical Stocktake

O Global Ethical Stocktake (GES) realizou nesta sexta-feira, 5 de setembro, o Diálogo Regional da África em Addis Ababa, Etiópia. O evento reuniu 28 líderes africanos para discutir as ações necessárias para alcançar o objetivo central do Acordo de Paris: limitar o aquecimento global a 1,5°C acima dos níveis pré-industriais.

Esse foi o quarto de uma série de seis diálogos regionais programados em diferentes continentes. O encontro trouxe à capital etíope representantes dos setores político, empresarial, religioso, da sociedade civil, comunidades indígenas e locais, além de artistas e ativistas de várias partes da África. Estiveram presentes a ministra do Meio Ambiente e Mudança Climática do Brasil, Marina Silva; a co-líder regional do GES, Wanjira Mathai; o embaixador do Brasil na Etiópia, Jandyr Ferreira dos Santos; e diversos representantes da presidência da COP30.

Como um dos quatro pilares de mobilização social para a COP30, o GES questiona o progresso feito até agora e as medidas adicionais necessárias para enfrentar as mudanças climáticas. A iniciativa baseia-se na convicção de que, apesar de já existirem soluções técnicas para a transformação ecológica, falta um compromisso ético para sua implementação.

O objetivo é delinear caminhos que promovam um futuro sustentável e próspero, incorporando a ciência tradicional, o conhecimento ancestral dos povos indígenas e as soluções climáticas já em prática globalmente.

O GES apoia os esforços globais da presidência da COP30 para avançar os compromissos assumidos por quase 200 países no Acordo de Paris. A base das discussões é o Consenso dos Emirados Árabes Unidos, adotado na COP28, no qual os países se comprometeram a triplicar a capacidade de energia renovável, dobrar a eficiência energética, interromper e reverter o desmatamento, e realizar uma transição justa e equitativa para longe dos combustíveis fósseis.

“Presidente Lula afirma que a COP30 deve ser a ‘COP da verdade’. Por isso ele propôs o Global Ethical Stocktake em todos os continentes, através dos Diálogos Regionais e Auto-Organizados. Os resultados serão disponibilizados em uma plataforma para prefeitos, governadores e presidentes”, afirmou Marina Silva, ressaltando a importância de verificações técnicas como a que resultou no Consenso dos Emirados e o potencial do GES em incentivar a aplicação dessas decisões.

Wanjira Mathai enfatizou que o GES lembra ao mundo que as negociações climáticas são, acima de tudo, sobre a vida das pessoas, destacando as raízes e a natureza da crise. “Essa não é uma crise de falha técnica, mas de falha moral. E nós, africanos, conhecemos isso intimamente. Carregamos as cicatrizes da destruição e o peso de promessas quebradas, mas também a sabedoria de nossos ancestrais e a força de nossa juventude”, declarou.

Sob a liderança do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do Secretário-Geral da ONU, António Guterres, o processo vai gerar seis relatórios regionais e um relatório síntese que serão apresentados na Pré-COP em outubro, em Brasília. Esse documento será submetido à presidência da COP30 para consideração durante as negociações climáticas da conferência.

André Corrêa do Lago destacou os avanços feitos no regime climático multilateral: “Estamos todos falando sobre mudanças climáticas hoje por causa desse processo, que forçou países a ouvirem cientistas, especialistas e líderes das comunidades locais. É por isso que o GES é uma proposta brilhante: quanto mais discutimos, mais reconhecemos o quanto já avançamos.”

Ana Toni, CEO da COP30, observou que o GES pode incentivar os tomadores de decisão a colocar as pessoas no centro das negociações: “Na maioria das vezes, na preparação para as COPs, falamos sobre números e disputas. Mas se conseguirmos trazer para a COP30 o que está acontecendo aqui, então não será apenas a COP do Brasil – será a COP do Povo, como o Presidente Lula nos pediu.”

Marcele Oliveira destacou a importância de enfrentar de maneira direta as emissões de gases de efeito estufa, conforme discutido pelos participantes do Diálogo Africano. “Há liberdade nesta sala, e essa liberdade deve chegar às salas de negociação. Não porque haja consenso, mas porque há coragem para nomear os problemas. Se algo está errado para um, está errado para todos. Isso é ética. Se pessoas, animais ou florestas estão sofrendo, isso é errado. Precisamos inventar novas maneiras, e isso começa nomeando as coisas como elas são”, afirmou.

O GES está sendo realizado através de Diálogos Regionais, que ocorrerão em diferentes continentes até outubro. O primeiro ocorreu em Londres, representando a Europa; o segundo em Bogotá, representando a América do Sul, Central e Caribe; e o terceiro em Nova Délhi, representando a Ásia. As próximas edições acontecerão na Oceania, co-lideradas pelo ex-presidente de Kiribati, Anote Tong; e na América do Norte, co-lideradas pela líder americana Karenna Gore.

Além dos Diálogos Regionais, o GES também propõe Diálogos Auto-Organizados, promovidos por organizações da sociedade civil e governos nacionais e subnacionais, seguindo a mesma metodologia e princípios do processo central.

O encontro em Addis Ababa foi realizado no Creative Hub Ethiopia, com o apoio do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e do Climate Emergency Collaboration Group (CECG).
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