Sonhada há mais de um século, a construção do túnel que irá conectar Santos e Guarujá, em São Paulo, finalmente ganha forma. Na passada sexta-feira (05/09), a empresa portuguesa Mota-Engil assegurou a concessão da maior obra de infraestrutura do Novo PAC, tornando-se também o primeiro túnel submerso da América Latina.
Durante o evento, o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, destacou a colaboração entre os governos federal e estadual com a iniciativa privada, que possibilitou um investimento de R$ 6,8 bilhões. “Estamos unidos para viabilizar essa grande causa. Quando opostos convergem, não se constrói apenas um túnel, mas se fortalece o nosso país. Vamos à obra”, afirmou Alckmin.
O ministro recordou que, em 2011, sob sua gestão como governador de São Paulo, decidiu alterar o projeto inicial de uma ponte para um túnel, após ouvir especialistas. “A conclusão foi que a ponte poderia ser um limitador para o crescimento do porto”, explicou, observando que, com base nesses pareceres, o governo avançou com o projeto e o licenciamento ambiental, que agora se concretiza.
Alckmin também enfatizou que a viabilidade do túnel dependeu da manutenção da Autoridade Portuária como entidade pública, permitindo a formação de uma parceria público-privada (PPP) para sua construção e operação. “Só estamos aqui porque o porto não foi privatizado. O que possibilita isso é a autoridade portuária, por meio de uma parceria público-privada para construir e operar o túnel pelos próximos 30 anos”, acrescentou.
O túnel promete transformar a mobilidade na Baixada Santista, reduzindo o tempo de travessia entre as duas cidades para apenas dois minutos. Atualmente, a travessia de balsa leva em média 18 minutos, sem contar filas e atrasos, enquanto pelo trajeto rodoviário o percurso pode levar até uma hora.
“Esse leilão demonstra a confiança dos investidores no Brasil, que se apresenta como uma janela de oportunidades graças à segurança jurídica e a uma robusta carteira de projetos”, destacou o ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, ao mencionar investimentos futuros de cerca de R$ 20 bilhões.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ressaltou a importância da assinatura do contrato como um símbolo do “espírito republicano”, refletindo a cooperação entre os governos federal e estadual. Ele destacou que a realização da obra foi possível graças ao ressurgimento do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento).
“É um esforço conjunto que começou com o atual vice-presidente, que licenciou a obra. Ao longo dos anos, elaboramos os trabalhos para viabilizá-la. É um antigo sonho agora se concretizando, pois o presidente Lula está habituado a realizar sonhos que pareciam irrealizáveis”, afirmou.
O ministro do Empreendedorismo, da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte, Márcio França, revelou que a construção do túnel foi sugerida ao presidente Lula como a principal obra do Ministério de Portos e Aeroportos. “A obra será feita sem orçamento da União, utilizando recursos da própria Autoridade Portuária”, acrescentou.
A estrutura do túnel contará com seis faixas de tráfego, incluindo ciclovia e passagens para pedestres, o que eliminará as longas esperas nas balsas e reduzirá o estresse do deslocamento entre as duas cidades. A obra não apenas melhorará a mobilidade urbana, mas também estimulará a economia local e impactará positivamente a qualidade de vida das mais de 720 mil pessoas que habitam Santos e Guarujá.
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