Cerca de 20 especialistas brasileiros fazem parte de um grupo de 664 cientistas, oriundos de 111 países, escolhidos pelo Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima (IPCC) para integrar os três grupos de trabalho do Sétimo Ciclo de Avaliação, que se estenderá até 2029. Esses profissionais atuarão como coordenadores de autores líderes, autores líderes e editores revisores.
O Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) anunciou as etapas de seleção do IPCC, recebendo 84 manifestações de interesse, que foram encaminhadas ao Ministério das Relações Exteriores para as indicações ao órgão da ONU focado em mudança climática.
Andrea Latgé, secretária de Políticas e Programas Estratégicos do MCTI, destacou a importância da inclusão da comunidade científica brasileira, ressaltando a relevância das questões que afetam os países em desenvolvimento e a contribuição da ciência nacional.
De acordo com dados do IPCC, foram feitas 3.771 indicações por governos e organizações observadoras. Dentre os 664 selecionados, 51% são de países em desenvolvimento e economias emergentes, e 46% são mulheres.
O Grupo I, que aborda a base científica da mudança climática, conta com oito especialistas brasileiros. O Grupo II, que se concentra em impactos, vulnerabilidade e adaptação, inclui sete profissionais. O Grupo III, focado na mitigação da mudança do clima, possui cinco especialistas. O IPCC não realiza pesquisas, mas revisa e avalia a ciência mais atual.
O pesquisador Lincoln Alves, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), será autor líder do capítulo sobre projeções regionais e extremos climáticos, utilizando modelos climáticos para prever cenários futuros. Alves ressalta os avanços recentes que permitem uma maior resolução espacial nos modelos, agora com detalhes de 4 a 5 km, facilitando a compreensão dos impactos climáticos.
Maria Fernanda Lemos, da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ), assumirá a coordenação de um capítulo sobre adaptação de assentamentos humanos e infraestrutura. Essa será a segunda vez que ela lidera a elaboração de um capítulo no Grupo de Trabalho II e enfatiza a importância de contemplar o conhecimento global e evidenciar lacunas na literatura.
Pedro Jacobi, coordenador do grupo de estudos de meio ambiente e sociedade da Universidade de São Paulo, participará pela primeira vez do Grupo de Trabalho II, atuando como editor revisor do capítulo sobre impactos, vulnerabilidades e riscos. Ele destaca a necessidade de promover o diálogo social e o empoderamento da comunidade para enfrentar a emergência climática.
O primeiro encontro dos autores líderes está agendado para dezembro, com expectativas de que os três relatórios sejam publicados em 2028, enquanto o relatório de síntese do Sétimo Ciclo será lançado em 2029. Este ciclo incluirá relatórios especiais sobre mudança do clima e cidades, além de documentos metodológicos sobre forçantes climáticas e tecnologias de captura de carbono.
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