O Brasil destacou-se nas discussões sobre o futuro das políticas culturais na Ibero-América durante a jornada “Direitos Culturais e Economia Criativa para o Desenvolvimento Sustentável”, que começou nesta terça-feira (9) em Barcelona. O evento, que serve como preparação para a Conferência Mundial sobre Políticas Culturais e Desenvolvimento Sustentável (Mondiacult 2025) da Unesco, reuniu autoridades culturais de mais de 15 países para debater a cultura como um elemento central do desenvolvimento.
O secretário-executivo do Ministério da Cultura, Márcio Tavares, que ocupa a presidência Pro Tempore do Programa Ibero-Americano de Indústrias Culturais e Criativas, participou do painel “Cultura e Desenvolvimento Sustentável na Ibero-América”. Ele apresentou a perspectiva do governo brasileiro sobre a importância da cultura para o desenvolvimento nacional e regional.
“A cultura não é um luxo ou um complemento do desenvolvimento — ela é o próprio motor do desenvolvimento sustentável”, declarou Tavares. Ele enfatizou que investir em cultura é investir em educação, inovação, coesão social, identidade, economia e sustentabilidade ambiental.
O secretário explicou que o Brasil adota uma abordagem sistêmica da cultura, compreendendo-a como uma dimensão transversal nas políticas públicas. Essa abordagem integrada possibilita que a cultura atue como um agente eficaz de inclusão social e na redução das desigualdades.
Márcio também abordou a conexão entre cultura e sustentabilidade ambiental, destacando o papel das comunidades indígenas, quilombolas e ribeirinhas como guardiãs de conhecimentos ecológicos essenciais para enfrentar a crise climática. “Quando protegemos essas culturas, protegemos igualmente a biodiversidade e os ecossistemas”, afirmou.
O painel contou com a participação de figuras relevantes do cenário cultural ibero-americano, como Jordi Martí, secretário de Estado da Cultura da Espanha, que reiterou o compromisso do país anfitrião em promover a cooperação cultural na região. Pablo Guayasamín, representante da Unesco, contextualizou o debate em relação aos esforços globais para a Mondiacult 2025. Raphael Callou, diretor-geral de Cultura da OEI, e Santiago Herrero, diretor de Relações Culturais e Científicas da AECID, destacaram a importância de suas organizações no fomento à cultura ibero-americana. A mediação foi realizada por Cristina Salvador, diretora da consultoria espanhola Both.
Em outro painel, “Interculturalidade, Multilinguismo e Participação na Vida Cultural”, o Brasil reafirmou sua diversidade cultural. Vinicius Gurtler Rosa, coordenador-geral do Escritório Internacional do Ministério da Cultura, destacou que a essência do Brasil reside em sua multiculturalidade e multilinguismo.
“O Brasil é, por definição, um país multicultural e multilíngue”, afirmou Rosa, ressaltando a existência de mais de 180 línguas no país, incluindo 154 línguas indígenas, além de idiomas falados por comunidades quilombolas e imigrantes. Ele chamou essa diversidade de um “patrimônio cultural imenso” que deve ser promovido ativamente.
Vinicius enfatizou que o multilinguismo é crucial para a participação plena na vida cultural, indicando que a cooperação internacional deve promover o diálogo e o enriquecimento mútuo, evitando uma cultura homogênea. Ele defendeu a implementação de políticas públicas que valorizem essa diversidade, incluindo programas de revitalização de línguas indígenas, e alertou sobre a necessidade de garantir que a tecnologia sirva para preservar a diversidade, em vez de promover a homogeneização.
“Nossa diversidade é nossa força”, concluiu Vinicius, reafirmando o compromisso do Brasil em fortalecer a cooperação com os países ibero-americanos.
A participação do Brasil no evento ressalta o comprometimento do país com a cooperação cultural internacional e o fortalecimento da cultura como um elemento central nas políticas de desenvolvimento sustentável na Ibero-América.
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