sábado, julho 26, 2025
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Tecnologias sociais: especialistas destacam seu papel crucial na promoção da transformação social.

Na terça-feira, dia 15, a 77ª Reunião da SBPC abordou um tema que desperta grande interesse e conhecimento na sociedade. A mesa intitulada “Tecnologia Social e Solidariedade” contou com especialistas que compartilharam experiências e conceitos que conectam inovação ao compromisso social.

A tecnologia social foi apresentada como uma nova abordagem que integra práticas e saberes gerados em contextos específicos, visando enfrentar problemas reais da população de maneira participativa, inclusiva e sustentável.

Coordenada pelo pesquisador Samuel Goldenberg, da Fiocruz, a mesa teve a participação do professor Renato Peixoto Dagnino, da Unicamp. Ele discutiu a relação entre ciência, tecnologia, desenvolvimento econômico e sociedade, ressaltando que, em países capitalistas como o Brasil, ciência e economia operam de forma desigual.

O professor criticou a desconexão entre a formação acadêmica e o setor produtivo, observando que, apesar do Brasil formar cerca de 90 mil mestres e doutores anualmente, poucos estão empregados em empresas focadas em pesquisa. Dagnino também defendeu uma política científica que promova experiências contra-hegemônicas nas universidades e se posicionou contra o modelo predominante de empreendedorismo, alertando para conceitos como transferência de conhecimento, mais-valia e enriquecimento empresarial à custa do trabalho alheio.

Ele enfatizou a importância de integrar ciência e tecnologia de maneira crítica, comprometida com a transformação social.

Outro convidado foi o professor Ricardo Toledo Neder, da UnB, que iniciou sua fala com um forte protesto contra o massacre do povo palestino. Ele refletiu sobre a dialética negativa da tecnologia social e a necessidade de conectá-la a questões emergentes. Criticou o avanço da tecnociência voltada para a destruição e defendeu a formação de profissionais comprometidos com a vida, a justiça e a preservação da força de trabalho humana. Segundo ele, é imprescindível ter clareza para reconstruir uma ciência voltada à emancipação social, em vez de perpetuar desigualdades.

A professora Regina Oliveira da Silva, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), apresentou experiências desenvolvidas na região amazônica, demonstrando como a tecnologia social pode ser um verdadeiro agente de transformação.

Ela destacou o potencial dessa abordagem em termos de eficácia, multiplicação de soluções e desenvolvimento de respostas a problemas que afetam populações vulneráveis.

De acordo com a professora, a tecnologia social deve fomentar a participação, unir saberes locais e acadêmicos, fortalecer práticas socioprodutivas e ser replicável, respeitando os contextos locais.

O secretário de Ciência e Tecnologia para o Desenvolvimento Social do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, Inácio Arruda, mencionou os desafios enfrentados pelo governo federal em meio a dificuldades políticas e econômicas, mas reafirmou os esforços do presidente Lula para retomar os investimentos em ciência, tecnologia e educação.

Ele destacou ações destinadas a fortalecer universidades públicas e órgãos de pesquisa, como parte de uma estratégia para impulsionar o desenvolvimento social e garantir o protagonismo do Brasil na produção de conhecimento.

Por Ellen Lacerda

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