segunda-feira, setembro 1, 2025
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A plataforma AdaptaBrasil divulga informações atualizadas sobre segurança alimentar, biodiversidade, saúde e recursos hídricos.

A plataforma AdaptaBrasil agora oferece novos setores e dados atualizados, proporcionando uma visão estratégica dos impactos das mudanças climáticas em todos os municípios do Brasil. A atualização, divulgada na terça-feira (19), inclui a introdução do setor de Biodiversidade e a revisão das análises nos Setores Estratégicos de Saúde, Recursos Hídricos e Segurança Alimentar.

De acordo com a secretária de Políticas e Programas Estratégicos do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Andrea Latgé, ao fornecer informações sobre riscos climáticos, a AdaptaBrasil desempenha um papel fundamental na formulação de políticas públicas baseadas em evidências.

“O AdaptaBrasil é uma das iniciativas mais bem-sucedidas do MCTI voltadas para a coprodução de evidências que fundamentam políticas públicas”, afirmou. Latgé ressaltou que a aceitação da plataforma se deve ao esforço conjunto de gestores públicos, pesquisadores e técnicos, além da colaboração técnica com várias instituições, seguindo os princípios da coprodução de evidências.

“A plataforma reúne as capacidades estatais de diversos entes federais e instituições científicas de destaque na agenda climática. Destaco ainda a importância crescente do AdaptaBrasil na elaboração do Plano Clima Adaptação, liderado pelo MMA com suporte técnico do MCTI”, completou a secretária.

Para o coordenador científico do AdaptaBrasil e pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), Jean Ometto, o lançamento dos novos dados representa um avanço significativo na disponibilização de informações baseadas em evidências para apoiar decisões.

“O AdaptaBrasil tem se solidificado como uma fonte importante de informações para estratégias e planos de adaptação, desde o nível municipal ao federal. Isso é possível devido à sua base científica, desenvolvida em conjunto com importantes instituições nacionais, além de ser de acesso livre a toda a população”, destacou Ometto.

Descubra os novos dados disponíveis na plataforma Adapta Brasil:

Biodiversidade – O Setor Estratégico de Biodiversidade foi criado para apresentar projeções e cenários sobre os impactos das mudanças climáticas nos biomas brasileiros, fornecendo informações científicas para orientar políticas de proteção à diversidade biológica do país.

Peter Mann de Toledo, pesquisador titular do INPE e uma das lideranças científicas envolvidas na construção dos dados, afirma que o setor surge porque o Brasil abriga 20% da biodiversidade do mundo. “Tratar essa riqueza como prioridade e integrá-la ao contexto do risco climático é crucial para entender como o clima pode afetar a biodiversidade brasileira”, observou.

O setor abrange os seis biomas do Brasil (Amazônia, Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica, Pantanal e Pampa), que foram priorizados por representarem uma escala essencial para analisar e compreender a biodiversidade, abrangendo períodos evolutivos significativos e permitindo avaliar a integridade e resiliência dos ecossistemas diante das mudanças climáticas e outros impactos ambientais.

O setor foi desenvolvido em colaboração com a Plataforma Brasileira de Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos (BPBES), o Sistema de Informação sobre a Biodiversidade Brasileira (SiBBr) e o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA).

Saúde – Na sua nova versão, o AdaptaBrasil apresenta um módulo exclusivo para arboviroses (doenças causadas por picadas de insetos). Os dados incluem mapas e indicadores que estimam o risco em nível municipal no presente, em 2030 e em 2050. Desenvolvido em parceria com a Fiocruz, o novo módulo complementa o Setor Saúde, que já fornecia dados sobre malária e leishmanioses.

No ano anterior, o Brasil reportou mais de 6,5 milhões de casos prováveis de arboviroses, o que é considerado o maior surto da doença. Na opinião de Sandra Hacon, pesquisadora da Escola Nacional de Saúde Pública da Fundação Oswaldo Cruz (ENSP-Fiocruz) e uma das lideranças científicas do setor, a emergência climática desempenha um papel central nesse contexto. “A temperatura mínima aumentou. O que antes era de 15°C a 16°C em algumas regiões, agora supera os 22°C durante a noite – como em Brasília, por exemplo. Isso aumenta o tempo de exposição humana aos mosquitos e facilita a reprodução desses vetores”, explicou.

Além do fator climático, os dados do AdaptaBrasil destacam que determinantes sociais, como urbanização desordenada (ou a falta desta), saneamento, coleta de lixo e acesso à água potável, juntamente com uma alta densidade populacional, também contribuem para a proliferação dos vetores. “A emergência climática tem influenciado essa situação, mas não é o único elemento. O desmatamento e a destruição de ecossistemas também facilitam o contato dos vetores com os humanos. Ignorar essa realidade torna o cenário ainda mais favorável ao mosquito. A emergência climática deve ser central nas políticas públicas para mitigar impactos ainda maiores na saúde pública e no meio ambiente”, enfatizou a pesquisadora.

Recursos Hídricos – A nova versão do Setor Recursos Hídricos, desenvolvida em parceria entre o INPE e a Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), abrange 38 indicadores que permitem analisar o risco de impacto das mudanças climáticas nas águas superficiais e subterrâneas disponíveis para uso humano.

O setor avalia os recursos hídricos sob a ótica de Disponibilidade e Acesso, visando garantir a segurança hídrica para diversas utilizações da água, incluindo abastecimento humano, manutenção de serviços ecossistêmicos de regulação hídrica, desenvolvimento de atividades socioeconômicas e preservação da saúde e bem-estar.

“A água e as mudanças climáticas são temas interligados. Ao falarmos sobre segurança hídrica, inevitavelmente estamos considerando também energia, agricultura e qualquer atividade dependente desse recurso”, contou Saulo Aires de Souza, coordenador de Mudanças Climáticas da ANA e uma das lideranças científicas do setor.

A nova versão conecta o risco de escassez hídrica (Ameaça) ao risco de estresse hídrico (resultado da interação entre Ameaça, Vulnerabilidade e Exposição socioecológica), considerando riscos em cascata que começam no clima, atravessam o ciclo hidrológico e afetam a sociedade.

Souza enfatiza que a versão 2.0 do Setor Estratégico Recursos Hídricos foi criada para apoiar os tomadores de decisão. “Eles precisam estar cientes do pior cenário para se preparar. A partir disso, entram as ferramentas de adaptação. Se o pior acontecer, já existem meios de mitigar o impacto; se não ocorrer, não podemos realizar obras caras que se tornem ‘elefantes brancos’. Por isso falamos em ‘estratégias de baixíssimo arrependimento’: em qualquer cenário, reduzir perdas nos sistemas de distribuição de água é positivo; investir em educação e capacitar gestores também traz benefícios; soluções baseadas na natureza oferecem vantagens que vão além da questão hídrica”, explicou.

Segurança Alimentar – A atualização deste Setor Estratégico analisa como o clima impacta a produção, o acesso e o consumo de alimentos no Brasil. A nova estrutura foi redesenhada para tratar de impactos em cadeia e está dividida em dois subsetores: disponibilidade de alimentos e acesso e consumo de alimentos. Disponibilidade refere-se à capacidade de produzir e disponibilizar alimentos in natura para o uso doméstico, enquanto acesso e consumo garantem que toda a população tenha acesso econômico e físico a alimentos nutritivos de maneira segura e socialmente aceitável.

A metodologia emprega as quatro dimensões da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) (disponibilidade, acesso, utilização e estabilidade) e fornece mapas comparáveis por município no presente, em 2030 e em 2050, para orientar políticas de adaptação.

“Nosso trabalho consistiu em construir indicadores que representassem os fatores que afetam as diversas culturas agrícolas e calibrá-los com base na experiência regional da Embrapa. É um grande esforço sintetizar décadas de dados em mapas e métricas relevantes para o Brasil atual”, acrescentou Aryeverton Fortes de Oliveira, pesquisador da Embrapa Agricultura Digital e uma das lideranças científicas do setor.

A nova estrutura do setor foi desenvolvida com o apoio técnico da EMBRAPA, do Instituto Nacional do Semiárido (INSA) e da Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB). Essa colaboração permitiu aprimorar os indicadores e torná-los mais sensíveis às realidades regionais e produtivas do país.

Sobre o AdaptaBrasil – O AdaptaBrasil é uma plataforma pública que mapeia riscos climáticos no Brasil e disponibiliza dados e indicadores para apoiar políticas de adaptação. A plataforma gera informações a partir de dados públicos e análises colaborativas de especialistas de diversas instituições, oferecendo não apenas índices abstratos de risco, mas também dados concretos que podem suportar a tomada de decisão por gestores públicos e pela sociedade. Essas informações passam por padronização e validação metodológica, permitindo a comparação entre territórios, identificação dos fatores mais relevantes para o risco local e priorização de investimentos. Em um ambiente único, reúne informações sobre ameaça climática, exposição e vulnerabilidade, apresentadas em mapas comparáveis por município e projeções para diferentes horizontes temporais e cenários.

A plataforma AdaptaBrasil é fruto da cooperação entre o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), a Rede Nacional de Pesquisa e Ensino (RNP) e o Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). Atualmente, é uma das bases científicas utilizadas na construção do Plano Clima Adaptação e é mencionada na Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC) do Brasil para fornecer informações sobre risco climático nacional.

Visite o site do AdaptaBrasil e conheça os novos dados.

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