A Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, COP30, que acontecerá em novembro, prevê a maior participação indígena da história do evento, com a expectativa de que cerca de 3 mil pessoas de diversos povos do Brasil e do mundo estejam presentes.
Para solucionar os desafios de hospedagem e garantir a acomodação dos indígenas indicados por suas organizações, o Ministério dos Povos Indígenas (MPI), em colaboração com a Universidade Federal do Pará (UFPA) e a Secretaria Estadual de Povos Indígenas do Pará (SEPI), tem promovido diálogos e articulações para criar a Aldeia COP. Este espaço servirá como local de hospedagem e realização de atividades culturais, políticas e espirituais ao longo da COP30.
A Aldeia será instalada na Escola de Aplicação da UFPA, que dispõe de uma área total de 72.695 m² e infraestrutura que inclui 60 salas de aula climatizadas, 13 laboratórios, um complexo de artes, serviço médico e refeitório, além de quadras esportivas e um campo de futebol. O MPI planeja realizar obras para aprimorar as condições de alojamento, com início previsto para setembro.
A Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), a Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (COIAB) e a Federação dos Povos Indígenas do Pará (FEPIPA) também estão apoiando a mobilização e logística necessárias para assegurar a presença indígena no evento.
A ministra Sonia Guajajara enfatiza que a Aldeia COP refletirá a identidade indígena, servindo como um espaço de aprendizado para todos os visitantes, incluindo parentes internacionais. “Estamos organizando tudo com muito carinho para que seja um espaço bonito e digno, em sintonia com as discussões globais”, afirmou.
Com a estrutura da Aldeia COP, os povos indígenas poderão focar nas discussões da COP e nas ações para enfrentar a emergência climática, buscando acordos que incentivem as políticas de conservação florestal e um futuro sustentável. Questões como a proteção de territórios indígenas, financiamento climático e o reconhecimento das soluções tradicionais dos povos estarão em destaque nas negociações sobre clima, biodiversidade e justiça socioambiental.
A presença indígena será ainda fortalecida pelo Círculo dos Povos e pela Comissão Internacional Indígena, sob a liderança da ministra Guajajara, que garantem a representação direta dos povos indígenas e comunidades tradicionais na conferência. Esses espaços inéditos visam assegurar que a sabedoria ancestral e os direitos indígenas permeiem as soluções climáticas globais.
Além disso, o MPI está implementando ações estratégicas, como o Programa Kuntari Katu, para capacitar líderes indígenas em governança global. Desde abril, o Ciclo COParente tem percorrido diversas regiões do Brasil, articulando e mobilizando a participação indígena na COP30 e aumentando sua influência na governança ambiental global.
A Aldeia COP promete uma rica programação cultural e debates com atores relevantes nas áreas ambiental e social, destacando o protagonismo indígena nas soluções para a crise climática.
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