O Ministério da Educação (MEC), por meio da Secretaria de Educação Superior (Sesu), realizou na quinta-feira, 28 de agosto, a primeira reunião do grupo de trabalho (GT) que tem como objetivo elaborar a proposta para criação da Universidade Federal Indígena (Unind). Os membros do GT aprovaram, por unanimidade, que a sede da nova universidade será em Brasília (DF). A possibilidade de instalação de campi em outras regiões será analisada posteriormente, após a sanção da lei que instituirá a Unind.
Um cronograma de trabalho foi estabelecido, com duas novas reuniões agendadas para os dias 10 e 16 de setembro, nas quais serão concluídos o projeto de lei e a exposição de motivos que fundamentará a proposta ao Congresso Nacional. Também foi aprovada a criação de um comitê para auxiliar na implementação e desenvolvimento das políticas acadêmicas, após a formalização da universidade. O encontro contou com a participação de 43 pessoas, incluindo várias lideranças indígenas, marcando um avanço no processo colaborativo de construção da instituição, que, uma vez criada, fará com que o Brasil conte com 70 universidades federais.
De acordo com o secretário de Educação Superior, Marcus Vinicius David, que preside o GT, a criação da Unind é uma “demanda histórica e resultado do trabalho coletivo entre diferentes povos e saberes, respeitando as especificidades culturais e linguísticas”. Ele destacou que se trata de um projeto que reafirma a diversidade como princípio e a autonomia dos povos, baseado em um modelo centrado na diversidade e autodeterminação.
As lideranças indígenas expressaram gratidão pelo compromisso do governo federal na retomada dos trabalhos e solicitaram a realização de um evento presencial com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro da Educação, Camilo Santana, para entrega e assinatura do projeto de lei.
A revitalização do GT foi determinada pelo ministro Camilo Santana através da Portaria MEC nº 536, de 23 de julho de 2025. O grupo, coordenado pela Sesu, reúne representantes de várias unidades do MEC, além do Ministério dos Povos Indígenas (MPI), da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), e de instituições parceiras.
A criação da Unind surge de um processo de escuta e diálogo com os povos indígenas de diversas regiões do país. Em 2024, o MEC, em colaboração com o MPI, a Funai e universidades, realizou 20 seminários regionais que ajudaram a formar a proposta. O documento enfatiza a autonomia e autossuficiência indígena, a pluralidade epistemológica, o fortalecimento das mulheres indígenas e o combate ao racismo epistêmico. A futura universidade atuará em rede, conectando saberes tradicionais e científicos, com o intuito de formar profissionais indígenas e fortalecer as comunidades e a sociedade brasileira como um todo.
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