Camila Ribas: A Cientista que Conecta Ciência e Comunidades na Amazônia
A luta pela preservação da Amazônia e o reconhecimento do conhecimento tradicional são bandeiras levantadas por Camila Ribas, uma bióloga e pesquisadora do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) que se destacou recentemente ao receber o Prêmio Mulheres e Ciências na categoria Trajetória. Com uma formação acadêmica robusta, Camila tem dedicado sua carreira ao estudo da biogeografia e biodiversidade da Amazônia, unindo seu amor pela natureza a um compromisso inabalável com as populações locais que habitam esta rica e ameaçada região.
Desde a infância, a natureza fascinou Camila. Crescendo em um ambiente em que a pressão por seguir carreiras lucrativas era quase inexistente, a escolha pela biologia pareceu-lhe uma extensão natural de sua curiosidade. "Quando decidi que queria estudar a natureza, pensei que poderia ser livre para fazer o que eu quisesse com a minha vida", diz ela, enfatizando a liberdade que encontrou na ciência.
Camila reconhece que, apesar de suas conquistas, muitas cientistas ainda enfrentam barreiras significativas. Ela expressa gratidão por ter tido mentoras que a apoiaram ao longo de sua trajetória, como a doutora Cristina Miyak, que a ajudou a se sentir parte de um meio que muitas vezes marginaliza a presença feminina. "Sinto que consegui traçar um caminho dentro de uma sociedade essencialmente machista de maneira bastante privilegiada", afirma, enquanto reconhece os desafios que ainda precisam ser superados para promover mais igualdade de gênero na ciência.
O amor de Camila pela Amazônia vai além de suas pesquisas acadêmicas. Com um espírito aventureiro, ela se dedica a entender como a Amazônia se formou e como suas interações ecológicas influenciam o clima global. Seu trabalho de campo a leva frequentemente a trilhas desconhecidas e rios remotos, onde, em companhia de comunidades indígenas e ribeirinhas, ela descobre um mundo de conhecimento profundo e prático que muitas vezes é ignorado pela ciência tradicional.
"Essas pessoas são incríveis, com um conhecimento vasto sobre a região," destaca Camila, ressaltando que a ciência brasileira deve se abrir para visões plurais que valorizem saberes locais. Para ela, a ciência precisa se tornar mais inclusiva e menos eurocêntrica, reconhecendo o valor dos conhecimentos tradicionais que habitam a Amazônia.
Além de suas responsabilidades como pesquisadora, Camila também é mãe de duas filhas. Ela considera que a maternidade não apenas a fortaleceu, como também a tornou mais resiliente e capaz de apoiar sua família e sua carreira simultaneamente. Apesar disso, ela observa que a ciência ainda necessita evoluir para se adaptar às necessidades das mulheres, que muitas vezes ainda enfrentam desafios adicionais.
A recepção do Prêmio Mulheres e Ciências por Camila não é apenas um reconhecimento pessoal, mas uma homenagem à importância da pesquisa na Amazônia e ao valor das comunidades que ali vivem. “Quero que essa premiação seja o reconhecimento não só do esforço para gerar conhecimento sendo mulher no Norte do Brasil, mas também da força da população da Amazônia para estudar e proteger a região com soberania e excelência científica”, conclui Camila.
Com um profundo comprometimento em proteger a biodiversidade da Amazônia e um desejo ardente de tornar a ciência mais inclusiva, Camila Ribas é um exemplo inspirador de como uma trajetória acadêmica pode se entrelaçar com a justiça social e a preservação ambiental.
Perguntas e Respostas
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Quem é Camila Ribas?
Camila Ribas é uma bióloga e pesquisadora do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), famosa por seu trabalho em biogeografia e biodiversidade amazônica, além de ser uma defensora do reconhecimento do conhecimento tradicional. -
O que ela defende em relação ao conhecimento tradicional?
Ela acredita que o conhecimento tradicional das comunidades locais é frequentemente ignorado pela ciência e deve ser valorizado e incorporado em pesquisas científicas, tornando a ciência brasileira mais plural e inclusiva. -
Como a maternidade impactou a vida profissional de Camila?
Camila considera que a maternidade a fortaleceu e a tornou mais resiliente, ajudando-a a equilibrar suas responsabilidades como mãe e pesquisadora, apesar dos desafios que a ciência ainda enfrenta para apoiar as mulheres. -
Qual é a visão de Camila sobre a ciência brasileira?
Camila argumenta que a ciência brasileira precisa se abrir para o olhar de comunidades indígenas e ribeirinhas, reconhecendo e integrando seus saberes ao conhecimento científico convencional, que tende a ser eurocêntrico. - Qual a importância do Prêmio Mulheres e Ciências para Camila?
Para Camila, o prêmio é um reconhecimento não apenas de sua trajetória individual, mas da importância da pesquisa na Amazônia e da força das populações locais na proteção e estudo dessa região vital.