Brasília, 04/09/2025 – Em 10 de outubro, o Brasil marcará 20 anos do desaparecimento de Graciane da Silva Bandeira, quando sua irmã, Gislaine Nascimento, não recebeu mais notícias dela em Paiçandu (PR). Desde então, Gislaine tem seguido todas as pistas possíveis para encontrá-la, participando de campanhas de coleta de DNA e registrando informações da irmã em várias ONGs que auxiliam na busca. “Todo apoio que recebemos é vital. Só eu sei os espinhos que já pisei e não quero que outras famílias passem pelo mesmo”, afirmou.
Débora Alves Inácio também vive a angústia do desaparecimento. A última vez que ouviu seu filho, Kaio Inácio Bispo, foi em 2013, quando ele a avisou que chegaria a uma festa e retornaria pela manhã. A busca por informações continua, mas frequentemente enfrenta a falta de diálogo entre órgãos públicos, além do descaso com os familiares. “Cada melhoria na comunicação entre as instituições renova nossa esperança”, destacou Débora.
Uma nova iniciativa emergiu com a parceria entre o Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) e a empresa Pirancajuba, que lançou a campanha “Não Espere 24h” durante o Cadastro Nacional de Pessoas Desaparecidas (CNPD) em 27 de agosto. Imagens de pessoas desaparecidas agora adornam as embalagens de leite da marca, que passará a incluir a mensagem #Não Espere 24h, enfatizando a necessidade de registrar ocorrências imediatamente.
Dívida histórica
O secretário Nacional de Segurança Pública, Mario Sarrubbo, reconheceu a responsabilidade do Estado em relação às famílias de pessoas desaparecidas, afirmando que é essencial o envolvimento da sociedade civil para elucidar casos e restaurar a dignidade desses familiares. “As parcerias entre o MJSP e a Piracanjuba são exemplos positivos. A empresa possui capilaridade pelo País e poderá ampliar a visibilidade dos casos”, destacou Sarrubbo.
Em 2024, o Brasil registrou 81 mil desaparecimentos, dos quais 55 mil foram solucionados, resultando em uma taxa de localização de 68%. A expectativa é que o CNPD melhore ainda mais esses índices nos próximos anos.
Ivanise Esperidião, presidente da Associação Mães da Sé, referência nacional na busca por desaparecidos, acredita que a sociedade deve assumir um papel ativo nesse enfrentamento. “A dor da incerteza é mil vezes pior que a morte. Precisamos que a sociedade se torne nossa principal aliada”, disse Ivanise, que não vê sua filha, Fabiana, há quase 30 anos.
Ação inédita
Desde outubro de 2024, a campanha em parceria com a Associação Mães da Sé utiliza inteligência artificial para atualizar imagens de desaparecidos e divulgá-las nas embalagens de leite Pirancajuba e LeitBom. A partir deste mês, as embalagens incluirão um link para o site do MJSP, fornecendo orientações sobre como proceder em casos de desaparecimento, com o objetivo de aumentar a visibilidade do tema e as chances de localizar pessoas desaparecidas.
Até agora, a campanha já publicou imagens em 360 milhões de litros de leite vendidos no Brasil e ampliou sua mobilização nas redes sociais. Esta iniciativa resultou na localização de oito pessoas. “É gratificante saber que estamos ajudando a reunir famílias. Com a parceria do MJSP, vamos disseminar ainda mais a mensagem de que não é necessário esperar 24 horas para registrar um desaparecimento”, concluiu Marcelo Costa Martins, diretor de Relações Institucionais e Governamentais do Grupo Pirancanjuba.
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