A 77ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) promoveu uma mesa-redonda essencial sobre gênero na ciência, intitulada “Políticas Públicas, Mulheres e Carreiras Científicas”. A professora Maria Rosário Andrade, da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), coordenou o debate, que contou com a participação das palestrantes Cristina Araripe Ferreira (Fiocruz), Giovanna Machado (CETENE) e Glauce Margarida Medeiros, secretária da Mulher do Recife.
A professora Maria do Rosário iniciou a mesa ressaltando a importância de ter mulheres discutindo esses temas em um ambiente tão significativo, enfatizando a valorização das trajetórias femininas na ciência. Ela destacou que a discussão sobre gênero deve ser contínua em contextos acadêmicos e institucionais.
Na sequência, a professora Cristina Araripe apresentou o projeto STEM (Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática) na Saúde/Fiocruz, que promove mentoria com foco na equidade de gênero em ciência, tecnologia e educação. Cristina destacou a frase orientadora do programa: “Pés fincados, olhos voltados para o futuro”, que expressa o compromisso de construir um futuro mais inclusivo.
O projeto busca incentivar a participação de meninas e mulheres em atividades científicas inovadoras, fortalecendo sua presença e liderança nas áreas de Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática.
A pesquisadora Giovanna Machado, coordenadora do programa Futuras Cientistas, também compartilhou sua experiência com os participantes. Esse programa de mentoria voltado para meninas do ensino médio visa transformar realidades e trajetórias pessoais e familiares por meio da educação e da ciência. A representante do CETENE enfatizou os impactos positivos do programa e a necessidade de mais investimentos em iniciativas que promovam a inclusão de meninas na ciência.
A secretária da Mulher do Recife, Glauce Medeiros, encerrou a mesa com um emocionante depoimento pessoal. Ela compartilhou que foi orientanda da professora Rosário na universidade e que essa relação foi crucial para sua formação. Em sua fala, destacou o papel das mulheres em posições de poder e pesquisa, apresentando dados e estudos sobre a presença feminina nas universidades e os desafios enfrentados. Mencionou o impacto do preconceito de gênero, o acúmulo de funções historicamente atribuídas às mulheres e a urgência de políticas públicas que assegurem igualdade real.
Glauce enfatizou que o machismo estrutural está enraizado nas instituições e nas sociedades, perpetuando desigualdades entre homens e mulheres. “Não se trata apenas de ações isoladas, mas de um sistema que favorece os homens, restringindo as oportunidades das mulheres”, afirmou. A secretária do Recife finalizou ressaltando que, sendo responsáveis pela reprodução humana, as mulheres devem ser valorizadas, e não sobrecarregadas.
