domingo, setembro 7, 2025
No menu items!
HomeSegurança"Da Terra à Mesa" impulsiona a transição agroecológica no Sul do Brasil

“Da Terra à Mesa” impulsiona a transição agroecológica no Sul do Brasil

Um movimento iniciado em 1999 por mulheres da comunidade do Pinhalão, em União da Vitória (PR), resultou na criação da primeira feira de sementes da região. Após mais de duas décadas, a Feira Regional de Sementes Crioulas e da Agrobiodiversidade se consolidou como um dos principais eventos de celebração da agricultura familiar e da cultura local.

Durante a 20ª edição do evento, realizada nos dias 29 e 30 de agosto, agricultores familiares, guardiões de sementes e organizações sociais comemoraram mais uma conquista: o lançamento do projeto “Promoção, fortalecimento e ampliação de sistemas de produção agroecológicos e em transição”, aprovado no edital Da Terra à Mesa, do Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, através da Secretaria de Agricultura Familiar e Agroecologia.

O edital visa fomentar a produção de alimentos saudáveis e ampliar a transição agroecológica no Brasil, apoiando a estruturação produtiva, a assessoria técnica e a formação de agentes comunitários. De acordo com Geane Bezerra, coordenadora-geral de Inclusão Socioprodutiva da SAF, a iniciativa “fortalece experiências já existentes no território, desenvolvidas por organizações da sociedade civil, como a rede coordenada pelo Centro Vianei”.

Além de garantir a troca de sementes crioulas, as feiras desempenham um papel fundamental na conservação da agrobiodiversidade, na soberania alimentar e na valorização do conhecimento tradicional. Elas promovem a conexão entre gerações, ensinando jovens e crianças sobre a importância da agroecologia e da preservação das sementes crioulas diante do modelo hegemônico do agronegócio.

Para Geane, “as sementes crioulas são resilientes, adaptadas ao território, e representam a soberania da agricultura familiar, garantindo autonomia frente ao sistema produtivo e aos pacotes tecnológicos do agronegócio. Feiras como essa trazem visibilidade a esse movimento”.

Cada estande se transforma em um espaço de trocas, técnicas e histórias de vida, fortalecendo a identidade cultural e o protagonismo das famílias. Fábio Pereira, da AS-PTA, observa que “quem depende da semente comercial está ‘alugando’, pois precisa pagar todo ano. Já quem mantém a semente crioula tem autonomia, pode plantar quando quiser e preservar a diversidade genética. Mais de 100 feiras já foram realizadas por essa rede de famílias guardiãs”.

O lançamento do projeto durante a feira destaca a importância da colaboração entre comunidades e políticas públicas. A iniciativa é executada pelo Centro Vianei, em parceria com CEMEAR (SC), CEPAGRO (SC), CETAP (RS) e AS-PTA (PR).

Mais do que a comercialização de sementes, o evento simboliza um pacto de cuidado com o território, reafirmando a agricultura familiar como pilar da saúde, da justiça social e da preservação ambiental. A transição agroecológica se apresenta, assim, como um caminho coletivo em que Estado e sociedade se unem em busca de um futuro mais diverso e sustentável.
Para mais notícias, acesse o Portal Defesa – Agência de Notícias.

RELATED ARTICLES
- Advertisment -

Most Popular

Recent Comments