domingo, janeiro 19, 2025
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Debate sobre Equidade no Acesso a Serviços Públicos Marca Encerramento do XXIX Congresso do CLAD

Desigualdades de Gênero, Raça e Classe em Políticas Públicas: Um Debate Crucial no CLAD

No último dia do 29º Congresso Internacional do Centro Latino-Americano de Administração para o Desenvolvimento (CLAD), realizado em Brasília, um debate crucial abordou as interseccionalidades das desigualdades enfrentadas por mulheres e pessoas negras no acesso a serviços públicos no Brasil. Mediado por Daniela Gorayeb, chefe de Assessoria de Participação Social e Diversidade do Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos, o evento trouxe à tona questões de inclusão, concentração de poder e acesso digital em uma sociedade marcada por disparidades.

O debate sublinhou que a formulação de políticas públicas eficazes deve incorporar as perspectivas de transversalidade, interseccionalidade e intersetorialidade. "Esses conceitos são chamados para que políticas públicas contemplem as complexidades das desigualdades", enfatizou Daniela. As desigualdades estruturais, que ainda permeiam a administração pública, limitam o avanço de minorias em posições de liderança e na formulação de políticas que atendam às necessidades da população diversificada.

Desigualdade no âmbito da burocracia

Luana Passos de Souza, professora adjunta da Universidade Federal da Bahia, destacou como a burocracia brasileira não reflete a diversidade da população, especialmente nos cargos de alta liderança. Ela defendeu que os concursos públicos precisam ser reformulados para melhor representar a realidade de gênero, classe e raça no Brasil, mencionando o projeto de lei atualmente em discussão no Senado que reserva 30% das vagas para candidatos de grupos historicamente marginalizados.

Estudos revelam que as desigualdades se acentuam especialmente para mulheres, em particular as mulheres negras, que estão frequentemente excluídas dos processos de decisão. Há um movimento em curso que busca a redução dessas disparidades, mas os obstáculos se mantêm presentes.

Inclusão Digital: Um Acesso Esencial

Outro aspecto abordado no debate foi a inclusão digital, levantado por Luciana Portilho, do Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação. A pesquisadora apresentou dados alarmantes: embora 86% da população brasileira tenha acesso à internet, apenas 22% desfrutam de uma conectividade significativa, o que inclui qualidade de acesso e habilidades digitais.

Esses números são mais baixos entre mulheres e, especialmente, entre mulheres negras, refletindo uma interseção preocupante de desigualdades. A falta de letramento digital limita não apenas o acesso à informação, mas também as oportunidades educacionais e sociais. Luciana enfatizou a urgência de políticas públicas que abordem a inclusão digital de forma abrangente, visando democratizar não apenas o acesso à Internet, mas também promover o letramento digital, capacitando as pessoas a usarem a tecnologia de forma eficaz e segura.

O debate do CLAD reafirmou a necessidade de construir um Estado mais inclusivo e eficiente, que não apenas reconheça, mas que atue efetivamente para mitigar as desigualdades interseccionais no Brasil.

Perguntas e Respostas

  1. Qual a importância da interseccionalidade nas políticas públicas?
    A interseccionalidade é crucial para entender como diferentes formas de desigualdade (gênero, raça e classe) se interagem e afetam a vida das pessoas. Políticas que consideram essas interseções são mais eficazes em atender às diversidades da população.

  2. Como a burocracia brasileira reflete desigualdades sociais?
    A burocracia muitas vezes é dominada por uma falta de representatividade, especialmente em cargos de liderança, onde mulheres e pessoas negras são drasticamente sub-representadas, o que limita a eficácia das políticas públicas.

  3. O que é a conectividade significativa e por que ela é importante?
    A conectividade significativa vai além de simplesmente ter acesso à internet; envolve qualidade de conexão, habilidades digitais e o uso eficaz da tecnologia. Essa conectividade é essencial para garantir cidadania plena no ambiente digital.

  4. Quais são os principais obstáculos à inclusão digital no Brasil?
    Os principais obstáculos incluem a falta de infraestrutura adequada, dispositivos ultrapassados, planos de dados insuficientes e a ausência de letramento digital, que impede muitos de utilizarem plenamente a internet.

  5. O que está sendo proposto para melhorar a representação de grupos minoritários na administração pública?
    Atualmente, está em discussão no Senado um projeto de lei que reserva 30% das vagas em concursos públicos federais para pessoas pretas e pardas, indígenas e quilombolas, visando aumentar a representatividade e a inclusão nesses espaços.

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