A partir desta sexta-feira (20), o eletrocardiograma (ECG), exame essencial para avaliar a saúde do coração e diagnosticar distúrbios como arritmias, poderá ser realizado no conforto de casa. Um aparelho portátil desenvolvido pela multinacional japonesa Omron Healthcare, batizado de Complete, será lançado no Congresso Brasileiro de Cardiologia e estará disponível nas farmácias brasileiras.
O Complete permite que os usuários registrem dados de ECG e pressão arterial em apenas 30 segundos. Embora o dispositivo facilite o monitoramento de condições cardíacas, especialistas alertam que a interpretação dos resultados deve ser feita por um profissional de saúde capacitado. O cardiologista Marcelo Leitão destaca que, apesar da simplicidade do exame, há nuances que exigem uma análise médica.
Monitoramento Facilitado
O uso do dispositivo pode ajudar no acompanhamento de condições como arritmia atrial, que muitas vezes não apresenta sintomas claros. O presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), Weimar Barroso, ressalta que o dispositivo pode aumentar a adesão ao tratamento de pacientes diagnosticados com a arritmia, contribuindo para o controle da frequência cardíaca e uso adequado de medicamentos.
Marcelo Leitão também explica que a medição frequente pode ser crucial para identificar episódios de arritmia que não aparecem em exames tradicionais. “Com o auxílio do dispositivo portátil, a pessoa faz o registro no momento em que sente a palpitação, possibilitando o diagnóstico e um tratamento mais apropriado”, afirma.
Como Utilizar o Aparelho?
O uso do Complete é simples, mas requer alguns cuidados para garantir a precisão do exame:
- A pessoa deve estar em repouso por 1 ou 2 minutos antes de iniciar o exame.
- É necessário sentar-se e apoiar os dois braços sobre uma mesa.
- A braçadeira deve ser colocada no braço esquerdo, enquanto os dedos são posicionados nas placas do aparelho.
- O dispositivo tem um suporte para encaixar o smartphone, que registra o exame.
- As mãos devem estar firmes para evitar tremores que possam comprometer a medição.
Riscos da Fibrilação Atrial
A fibrilação atrial, uma arritmia que faz o coração bater entre 300 e 400 vezes por minuto, é uma das condições que podem ser monitoradas com o aparelho. Dados do estudo Ritmo, divulgados pela SBC, indicam que 13,7% dos idosos com hipertensão arterial ou insuficiência cardíaca no Brasil tiveram episódios de fibrilação atrial, mesmo sem apresentarem sintomas.
Entre os fatores de risco para a arritmia estão envelhecimento, hipertensão arterial, doenças cardíacas e distúrbios do sono. A fibrilação atrial não tratada aumenta em cinco vezes o risco de acidente vascular cerebral (AVC), que é a segunda maior causa de morte por doenças cardiovasculares no Brasil.
Weimar Barroso alerta que, quando o coração bate de forma irregular, há maior risco de formação de coágulos, que podem causar um AVC. O diagnóstico precoce da fibrilação atrial, proporcionado pelo uso de aparelhos portáteis como o Complete, é essencial para estabelecer estratégias de tratamento e reduzir complicações graves.