Brasil se integra ao CERN: Empresários brasileiros buscam novas oportunidades na física de partículas
Na última sexta-feira, 29 de novembro, o Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), localizado em Campinas (SP), foi palco de um evento significativo que reuniu empresários brasileiros interessados em colaborar com o CERN (Centro Europeu de Pesquisa Nuclear). Com o apoio do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), a ocasião contou com a presença da Ministra Luciana Santos e visou criar conexões entre a indústria nacional e uma das mais prestigiadas instituições científicas do mundo.
“Esse evento tem tudo para impulsionar os negócios brasileiros, especialmente na área da ciência e tecnologia, através desta parceria com o CERN. É uma maneira de a gente entrar num mercado muito promissor”, afirmou a ministra Santos. Ela destacou que o mercado de aceleradores de partículas está em expansão, com investimentos que já somam meio bilhão de dólares, e a necessidade de tecnologias complexas, como ímãs e condutores, que requerem insumos de alto valor agregado.
Em 2024, o Brasil se tornou Estado Membro Associado do CERN — sendo o único país da América Latina a integrar a instituição — o que não apenas solidifica colaborações científicas, mas também permite que empresas brasileiras participem de licitações e forneçam equipamentos e serviços ao CERN. A ministra ressaltou a capacidade da indústria brasileira de entrar em mercados internacionalmente complexos, citando como referência a construção do acelerador Sirius, que foi feito com 80% de insumos e tecnologia nacional.
O evento também contou com apresentações de Salvatore Mele, conselheiro Sênior de Relações Internacionais do CERN, e Rafael Navarro, novo Oficial de Integração Industrial do CERN, que se comprometeu a intermediar negócios e facilitar parcerias com o Brasil. Eles abordaram os processos de licitação e os requisitos burocráticos necessários para que empresas brasileiras possam navegar nesse novo terreno.
O CNPEM, que já possui uma colaboração de longa data com o CERN em projetos de tecnologia avançada, tem agora um papel fundamental nessa nova parceria. Recentemente, a instituição está desenvolvendo um acelerador de prótons e o primeiro magneto supercondutor de sua espécie fabricado no Brasil. Esses esforços não só promovem a ciência, mas têm aplicações práticas nas áreas de energia, saúde e materiais.
“Podemos esperar um impacto positivo, com a geração de empregos e receitas que retornarão ao país para apoiar a ciência, o que é vital”, comentou o diretor-geral do CNPEM, Antonio José Roque da Silva. Ele também destacou os benefícios adicionais que virão com a parceria, incluindo a melhoria das capacidades tecnológicas das empresas envolvidas, que ganham um reconhecimento de qualidade ao se tornarem fornecedoras do CERN.
Além de empresários, o evento atraiu profissionais da academia e representantes de várias agências de fomento e inovação, como FINEP, SENAI, Embrapii e FAPESP. Após o encontro, os empresários visitaram o Sirius, um dos mais avançados aceleradores de partículas do mundo, reforçando a importância do Brasil nesse cenário global de pesquisa científica.
Perguntas e Respostas sobre a parceria entre Brasil e CERN
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O que é o CERN e qual a sua importância na pesquisa científica?
- O CERN, localizado na fronteira entre Suíça e França, é um dos principais centros de pesquisa em física de partículas do mundo. Ele investiga os componentes fundamentais da matéria e as leis que regem o universo, realizando colisões de partículas subatômicas.
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Qual o significado do Brasil ser um Estado Membro Associado do CERN?
- Essa associação permite que o Brasil tenha uma participação formal nas atividades do CERN, possibilitando que empresas brasileiras se candidatem a licitações e ofereçam produtos e serviços, o que potencializa oportunidades de negócios em um campo tecnológico avançado.
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Como o evento em Campinas pode beneficiar a indústria brasileira?
- O evento promoveu a conexão entre empresários brasileiros e o CERN, apresentando oportunidades em um mercado promissor de aceleradores de partículas, com potencial de gerar empregos e desenvolver tecnologia de alto valor agregado no Brasil.
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Quais áreas da indústria brasileira têm mais chances de participar das oportunidades do CERN?
- As oportunidades abrangem uma ampla gama de setores, incluindo construção civil, desenvolvimento de ímãs, aceleradores e equipamentos eletroeletrônicos, visando a atender as exigências de um laboratório que demanda alta performance.
- Quais são os benefícios adicionais de ser fornecedor do CERN?
- As empresas que se tornam fornecedoras do CERN não apenas têm acesso a um mercado internacional, mas também ganham reconhecimento de qualidade, o que pode ajudá-las a competir em outros setores. Além disso, o fornecimento de tecnologias avançadas pode abrir portas para novos mercados e aplicações em diferentes áreas.