A sonda Juno da NASA, em órbita de Júpiter, enfrentou um grande desafio quando sua câmera JunoCam começou a falhar após ser exposta às intensas radiações do planeta por várias órbitas. Projetada para durar apenas algumas órbitas iniciais, a JunoCam surpreendentemente sobreviveu a 34 delas. No entanto, na 47ª órbita, os efeitos dos danos causados pela radiação se tornaram visíveis e, na 56ª órbita, as imagens estavam quase ilegíveis. Com poucas alternativas e o tempo se esgotando antes de um sobrevoo próximo da lua vulcânica Io, engenheiros decidiram fazer uma aposta ousada e criativa. Utilizando um processo de recozimento, eles tentaram revitalizar a câmera aquecendo-a, um experimento que se mostrou bem-sucedido.
Reparo à Distância
De acordo com a NASA, a câmera da JunoCam está localizada fora do interior protegido contra radiação da sonda, tornando-se extremamente vulnerável. Após várias órbitas, a câmera começou a apresentar danos que se acreditava serem causados por um regulador de tensão defeituoso. A partir de centenas de milhões de milhas, a equipe da missão implementou um reparo de última hora: o recozimento. A técnica, que submete materiais ao calor para curar defeitos microscópicos, é pouco compreendida, mas tem mostrado sucessos em laboratório. Ao aquecer a câmera a 25°C, os cientistas buscavam reorientar suas partes à base de silício.
Inicialmente, os esforços pareciam infrutíferos, mas poucos dias antes do sobrevoo de Io, em dezembro de 2023, a câmera se recuperou inesperadamente, restaurando uma qualidade de imagem quase original a tempo de fotografar paisagens vulcânicas até então invisíveis.
Lições sobre Radiação para o Futuro
Apesar de a câmera ter mostrado nova degradação durante a 74ª órbita da Juno, a restauração bem-sucedida levou a aplicações mais amplas. A equipe desde então aplicou estratégias semelhantes de recozimento a outros instrumentos da Juno, ajudando-os a resistir a condições severas por mais tempo. As descobertas da Juno estão agora influenciando o design de espaçonautas em geral. “Estamos aprendendo a construir sistemas tolerantes à radiação que beneficiam tanto satélites de defesa quanto comerciais”, afirmou Scott Bolton, investigador principal da Juno. Essas descobertas informarão futuras missões, como aquelas destinadas a planetas exteriores ou que operam em ambientes de alta radiação próximos à Terra, nas cinturas de Van Allen. A missão da Juno continua a render frutos com inovações inesperadas, mostrando como uma pequena quantidade de calor pode fazer maravilhas.
