quarta-feira, janeiro 22, 2025
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Estudo Revela Estratégias de Monetização de Influenciadores em Conteúdos Misóginos no YouTube

Misoginia Lucrativa: Pesquisa Mapeia Canais de Ódio Contra Mulheres no YouTube

Um novo relatório do Observatório da Indústria da Desinformação e Violência de Gênero nas Plataformas Digitais, fruto da colaboração entre o NetLab-UFRJ e o Ministério das Mulheres, traz à tona uma preocupante realidade sobre a misoginia no YouTube brasileiro. A pesquisa, divulgada na última sexta-feira (13), revela que vídeos com discursos de aversão e desumanização das mulheres acumulam bilhões de visualizações e se transformam em um negócio rentável para influenciadores que promovem a “machosfera”.

Intitulada “Aprenda a evitar ‘este tipo’ de mulher: estratégias discursivas e monetização da misoginia no YouTube”, o estudo analisou 76.300 vídeos, totalizando mais de 4 bilhões de visualizações e cerca de 23 milhões de comentários. Os resultados não apenas quantificam a disseminação de discursos misóginos, mas também destacam como esses conteúdos se entrelaçam com a cultura de desumanização e controle sobre as mulheres, frequentemente disfarçados sob a premissa de “desenvolvimento pessoal masculino”.

A ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, enfatiza a importância dessa pesquisa, argumentando que a compreensão da misoginia e suas consequências é fundamental para alcançar a meta de "feminicídio zero". Com um aumento expressivo na produção de vídeos misóginos nos últimos anos – 88% dos vídeos analisados foram publicados em um intervalo de apenas três anos –, a pesquisa visa fundamentar políticas públicas para combater o ódio e a violência de gênero, tanto online quanto offline.

As análises qualitativas revelaram que 42% dos vídeos abordam a questão do "desprezo às mulheres e insurgência masculina" em seus títulos. Influenciadores usam linguagem específica para se conectar com comunidades que sustentam e monetizam esses discursos. Quase 80% dos canais misóginos utilizam estratégias de monetização, que vão desde anúncios até consultorias individuais, promovendo na prática uma cultura de manipulação emocional e violência psicológica.

A pesquisa traz à luz dados significativos. Em um contexto mais amplo, os índices de feminicídio também demonstraram um aumento preocupante no Brasil: em 2021, foram 1.347 casos, enquanto em 2023 o número subiu para 1.463. Além disso, incidentes de violência doméstica cresceram quase 10% entre 2022 e 2023. Essa correlação soma-se à crescente visibilidade da misoginia nas plataformas digitais, onde os discursos de ódio encontram um terreno fértil para prosperar, sem uma regulação adequada.

Marie Santini, fundadora e coordenadora do NetLab, ressalta que a falta de uma vigilância eficaz sobre o conteúdo online permite que essas narrativas toxicamente masculinas não só floresçam, mas também se transformem em produtos lucrativos que atraem um público substancialmente engajado.

Perguntas e Respostas

  1. O que é a "machosfera"?

    • A "machosfera" refere-se a uma rede de influenciadores e comunidades digitais que promovem ideais masculinistas e discursos misóginos, frequentemente abordando temas de aversão e desprezo pelas mulheres.
  2. Quantos vídeos e canais foram analisados na pesquisa?

    • A pesquisa analisou 76.300 vídeos de 7.812 canais, que, juntos, alcançaram mais de 4 bilhões de visualizações.
  3. Quais são as principais estratégias de monetização utilizadas por esses canais?

    • Os canais misóginos utilizam anúncios, Super Chat, doações, vendas de produtos e consultorias individuais como formas de monetização.
  4. Como a pesquisa relaciona a misoginia com a violência contra as mulheres?

    • Embora não haja uma correlação direta, a pesquisa observa que o aumento do conteúdo misógino nas plataformas digitais coincide com o crescimento do feminicídio e da violência doméstica no Brasil.
  5. Qual é o objetivo da pesquisa realizada pelo NetLab-UFRJ e o Ministério das Mulheres?
    • O objetivo é mapear o ecossistema misógino no YouTube e contribuir com políticas públicas visando o combate à violência de gênero e ao ódio na internet e na vida real.

Fonte
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