Em uma cúpula virtual, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva convocou líderes do BRICS para reforçar a importância da cooperação e de um “multilateralismo revigorado”, buscando reformas na governança global e um novo modelo de desenvolvimento sustentável.
Durante a reunião, realizada na segunda-feira, 8 de setembro, Lula destacou a união dos países do BRICS como uma resposta à “crescente instabilidade internacional” e à prática de “dividir para conquistar” promovida pelo unilateralismo. Ele enfatizou que o grupo, que representa 40% do PIB global, possui a “legitimidade necessária para liderar a refundação do sistema multilateral”.
O presidente criticou a normalização da chantagem tarifária como uma ferramenta para conquistar mercados e interferir em questões internas, ressaltando a necessidade de que o BRICS demonstre que a cooperação supera a rivalidade.
Lula também convidou os membros do BRICS a se apresentarem “unidos” na 14ª Conferência Ministerial da OMC, marcada para o próximo ano em Camarões, na África equatorial. O encontro virtual ocorreu dois meses após a Cúpula do Rio de Janeiro, diante do aumento das tensões geopolíticas e comerciais. Na declaração final, os líderes reafirmaram o compromisso do grupo com a preservação do multilateralismo e a reforma das instituições de governança internacional.
O presidente dedicou uma parte significativa de seu discurso à agenda ambiental, apresentando a COP 30, que ocorrerá em Belém no próximo ano, como “o momento da verdade e da ciência”. Lula argumentou que os países em desenvolvimento, mais afetados pela crise climática, devem liderar a proposta de um novo paradigma de desenvolvimento.
Além disso, fez um convite formal aos parceiros do BRICS para considerar a criação de um Conselho de Mudança do Clima na ONU, visando centralizar e fortalecer a governança climática global, atualmente fragmentada. Ele defendeu a necessidade de uma governança climática mais robusta, capable de supervisionar efetivamente.
Como uma proposta concreta, destacou o Fundo Florestas Tropicais para Sempre, que visa remunerar países e comunidades pela preservação de biomas essenciais para o equilíbrio do planeta. Lula argumentou que é viável usar receitas dos combustíveis fósseis para financiar a transição ecológica, reforçando que a cooperação do Sul Global é fundamental para evitar uma nova Guerra Fria, promovendo um modelo de crescimento que harmonize desenvolvimento e preservação ambiental.
Concluindo seu discurso, Lula enfatizou a importância da 80ª Assembleia Geral da ONU, que ocorrerá em duas semanas, como uma oportunidade para que o BRICS “fale com uma só voz em defesa de um multilateralismo revigorado”. Ele defendeu a ampliação do Conselho de Segurança da ONU com a inclusão de novos membros permanentes e não permanentes da América Latina, África e Ásia, alertando que o unilateralismo nunca atenderá aos propósitos de paz, justiça e prosperidade estabelecidos em 1945. “O BRICS já é o novo nome da defesa do multilateralismo”, finalizou.
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