Governo do México Ameaça Processar Google por Nomeação Controverso do Golfo da América
Em um movimento que intensifica as tensões geopolíticas, a presidente do México, Claudia Sheinbaum, anunciou, em 14 de fevereiro de 2025, que o governo mexicano está considerando processar o Google por causa da recente alteração no nome geográfico do "Golfo do México". A gigante de tecnologia incluiu o nome "Golfo da América" em seu serviço de mapas, uma mudança que, segundo as autoridades mexicanas, viola normas internacionais e a soberania territorial do país.
A polêmica gira em torno da interpretação do decreto assinado pelo ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que determinava a alteração do nome em questão. De acordo com a perspectiva do governo mexicano, a designação "Golfo da América" deveria ser restrita às águas que estão sob jurisdição dos EUA, não cobrindo toda a área geográfica que envolve o golfo. "Se houvesse alguma atribuição do governo dos Estados Unidos, como está no decreto assinado, é somente sobre o seu pedacinho de plataforma continental", enfatizou Sheinbaum.
Como parte da resposta oficial, o governo mexicano enviou uma carta ao Google, reclamando do "equívoco" e instando a empresa a corrigir a nomenclatura em suas plataformas. "Se continuarem insistindo, nós também estamos pensando até em uma ação judicial, porque estão nomeando sobre o território mexicano, que é a nossa plataforma continental", ressaltou a presidente.
Após a implementação da mudança, os usuários que residem nos EUA passaram a ver o nome "Golfo da América", enquanto os mexicanos ainda têm acesso à denominação tradicional de "Golfo do México". Para o resto do mundo, incluindo o Brasil, ambos os nomes são exibidos, criando confusão e polêmica ao redor da questão.
Sheinbaum também fez um apelo para que o Google adicione a denominação "América Mexicana" ao seu serviço, uma referência histórica que remete ao uso do nome pelos europeus no século XVII para se referir ao território que hoje é parte dos Estados Unidos, abrangendo estados como Califórnia, Novo México, Texas e Arizona. Na carta, a presidente pediu explicitamente que o termo fosse inclusivo nos resultados de busca relacionados à área.
A mudança de nomenclatura é desafiada pelo governo mexicano com base na argumentação de que, para que um nome geográfico seja alterado de forma global, é necessário um consenso entre todos os países que compartilham a região, no caso, México e Cuba. "Para mudar o nome globalmente, os três países precisam entrar em acordo, algo que não deve acontecer", salientou a presidente.
Essa controvérsia envolvendo o Google e o governo mexicano ressalta não apenas questões de identidade geográfica, mas também as complexidades de soberania e reconhecimento internacional em um mundo cada vez mais interconectado. Enquanto essa disputa legal pode estar apenas começando, ela certamente refletirá as dinâmicas delicadas da política regional e as implicações que as decisões corporativas podem ter na diplomacia internacional.