No último dia do 1º Encontro de Comunicadores Indígenas, realizado em Belém-PA, foi apresentado um plano de comunicação da Mídia Indígena, destinado à cobertura da Conferência das Nações Unidas para a Mudança do Clima, a COP 30, que ocorrerá entre 10 e 21 de novembro de 2025. O documento ressalta que a cobertura não se limitará a registrar os eventos nas salas de negociação, mas atuará como um instrumento político e cultural, amplificando as vozes indígenas em vários espaços da conferência, incluindo negociações oficiais, ações paralelas, territórios conectados virtualmente e na opinião pública.
O objetivo central da iniciativa é garantir que os povos indígenas sejam reconhecidos como protagonistas nas discussões climáticas globais, em vez de meros participantes simbólicos. A comunicação proposta deverá ser colaborativa, criativa e descentralizada, refletindo a diversidade de vozes, culturas e territórios do movimento indígena no Brasil.
A cobertura será organizada para articular coletivos indígenas de todo o país e parceiros internacionais, assegurando um fluxo contínuo de produção e engajamento. A estratégia se baseará em diferentes públicos-alvo, incluindo os presentes na conferência, tomadores de decisão e comunidades, visando entregar conteúdo adequado a cada grupo.
Samela Sateré Mawé, ativista ambiental e comunicadora da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil, destacou que o encontro servirá como um catalisador para fortalecer a rede de comunicadores indígenas, promovendo conexões internacionais que resultem em trocas de experiências e solidariedade política.
A produção será multimídia e multiplataforma, priorizando canais como TikTok, YouTube, Instagram, Facebook e rádios comunitárias. Pautas prioritárias incluem conteúdos educativos sobre a COP e temas climáticos, juntamente com campanhas específicas que reafirmem a importância da demarcação de terras.
Eric Terena, jornalista e cofundador da Mídia Indígena, ressaltou que, pela primeira vez em uma COP no Brasil, haverá um projeto estruturado de comunicação indígena, garantindo que as vozes e propostas indígenas sejam visíveis nas redes sociais e nos espaços de decisão política.
Com apoio do Ministério dos Povos Indígenas, o Coletivo Mídia Indígena organizou o encontro na Casa Maraká, em Belém, entre 28 e 31 de outubro.
O cronograma pré-COP 30, que se estende de setembro a outubro de 2025, incluirá formação de comunicadores, produção de materiais explicativos sobre a COP e o lançamento de uma campanha mobilizatória.
Durante a COP 30, a ênfase será na produção intensa de conteúdos diários e transmissões ao vivo que conectem comunidades e líderes indígenas. Após a conferência, a fase pós-COP visará à sistematização da memória, com a publicação de um Dossiê Indígena, exibições comunitárias e a criação de um arquivo audiovisual indígena permanente, destinado a servir como um patrimônio cultural e político para futuras mobilizações.
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