Oficinas de Autoproteção Empoderam Indígenas LGBTQIA+ em Dourados (MS)
Nos últimos quatro dias, a Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD) se tornou o palco de uma importante iniciativa para a população indígena LGBTQIA+ da etnia Guarani-Kaiowá. Em parceria com o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC), as oficinas de autoproteção e educação popular em saúde e direitos humanos proporcionaram a 30 participantes orientações sobre como identificar e denunciar violações de direitos.
Douglas Fernandes Lopes, um jovem rapper de 22 anos da aldeia Bororo, compartilhou sua realidade marcada pela homofobia. "Sofremos com preconceito e perseguições, principalmente quando nos assumimos. É um desafio constante", relatou. Suas palavras refletem a luta de muitos indígenas LGBTQIA+ no Brasil, onde a violência e o preconceito se manifestam em várias esferas da vida.
Durante as oficinas, foram abordados temas essenciais para a proteção dos participantes, como a importância de se deslocar em grupos, a necessidade de evitar ambientes desconhecidos e estratégias para construir uma rede de apoio na comunidade. Além disso, representantes do MDHC explicaram sobre o suporte jurídico disponível e como utilizar canais de denúncia, como o Disque 100.
Wesley Lima, coordenador do programa Bem Viver+, destacou a criação de um protocolo de autoproteção alinhado à realidade das aldeias, incluindo apoio psicológico e a formação de parcerias locais. "É fundamental que esses protocolos sejam adaptados aos contextos indígenas", disse.
As oficinas apresentaram também um espaço para rodas de diálogos e palestras com formadores, enriquecendo o debate sobre a diversidade e os desafios enfrentados por indivíduos LGBTQIA+ nas comunidades Guarani-Kaiowá. "Estamos aprendendo a fazer denúncias e a entender que não estamos sozinhos nessa luta", afirmou Tonico Benites, coordenador regional da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai).
O contexto social, por sua vez, apresenta um cenário alarmante para a população indígena. Os índices de suicídio entre esses grupos cresceram 53% de 2022 para 2023, atingindo principalmente homens entre 20 e 59 anos. O relatório do Conselho Missionário Indigenista (Cimi) revela que, na última contagem, 180 suicídios foram registrados entre os povos indígenas, desafiando autoridades e comunidades a encontrarem soluções eficazes.
Empoderamento e Visibilidade
O fortalecimento da luta dos indígenas LGBTQIA+ em Dourados é apenas uma parte de um esforço mais amplo para promover os direitos humanos. As oficinas são uma continuidade das oitivas realizadas em outubro, que contaram com 400 participantes e visaram mapear as necessidades e desafios enfrentados por essas comunidades. O MDHC, em colaboração com a Funai, a Fiocruz, e outros órgãos, busca não apenas agir no combate à violência, mas também promover o reconhecimento e o respeito pelos direitos das personas LGBTQIA+ nas comunidades indígenas.
Perguntas Frequentes
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O que são oficinas de autoproteção para a população indígena LGBTQIA+?
As oficinas têm como objetivo capacitar os participantes a identificar e denunciar violações de direitos, além de proporcionar orientações sobre segurança pessoal e construção de redes de apoio em suas comunidades. -
Quem participou das oficinas?
As oficinas contaram com a participação de 30 indígenas LGBTQIA+ da etnia Guarani-Kaiowá, abrangendo jovens e lideranças comunitárias. -
Quais temas foram abordados nas oficinas?
Entre os temas discutidos estão prevenção da violência, proteção pessoal, estratégias de apoio psicossocial e os direitos e leis que amparam a população LGBTQIA+. -
Qual é a situação da violência contra indígenas LGBTQIA+ no Brasil?
A violência é crescente, com altos índices de suicídio e agressão, refletindo a necessidade urgente de ações de proteção e promoção dos direitos dessa população. - Como posso obter mais informações sobre os direitos das pessoas LGBTQIA+ nas comunidades indígenas?
Para dúvidas e mais informações, você pode entrar em contato através do email lgbtqia@mdh.gov.br ou acessar o canal de atendimento da Secretaria de Comunicação Social do MDHC para a imprensa.