A ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, acompanhou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva no 60º Congresso da União Nacional dos Estudantes (CONUNE), que ocorreu em Goiânia (GO) entre os dias 16 e 20 de julho, reunindo mais de 10 mil jovens universitários para debates e trocas de ideias.
Durante sua fala, Lula reafirmou o compromisso do governo com a expansão do acesso à educação pública, especialmente no ensino superior. Ele mencionou que, ao final de seu mandato, o Brasil contará com 782 Institutos Federais, um aumento significativo em relação aos 140 estabelecidos pela elite em um século.
“Eu fui o presidente que mais criou universidades na história deste país”, afirmou, gerando aplausos da plateia composta por estudantes de todo o Brasil.
Lula também pediu uma maior participação política da juventude, criticou a desinformação nas redes sociais e enfatizou a importância das novas gerações na defesa da democracia, ciência e soberania nacional.
“Não queremos eleger ninguém por meio da inteligência artificial. Nosso desejo é que isso se faça por inteligência humana e compromisso de luta”, expressou.
Luciana Santos reforçou que o Brasil enfrenta desafios políticos e econômicos que demandam unidade e resistência, lembrando as palavras do jornalista Barbosa Lima Sobrinho sobre os dois partidos que marcaram a história do país: “Estamos do lado do Brasil e não de traidores que querem subjugar nosso povo”.
Ela ainda destacou a luta histórica da juventude brasileira na defesa da democracia e dos direitos sociais, mencionando desde a resistência à escravidão até as manifestações em prol da educação.
Compromisso com a ciência
A ministra reafirmou o compromisso do governo com a ciência, mencionando os investimentos em educação. Entre janeiro de 2023 e abril de 2025, foram destinados R$ 3,3 bilhões às Instituições Federais de Ensino Superior (IFES), com a meta de alcançar R$ 5,9 bilhões até o final de 2026.
“Estamos repatriando cérebros brasileiros que estavam fora do país. Dois mil e quinhentos cidadãos estão voltando para ajudar a enfrentar os desafios nacionais”, apontou Luciana Santos.
A ministra destacou ainda a prioridade em capacitar a juventude para os desafios tecnológicos atuais e futuros.
“Vamos formar cinquenta mil jovens na área de tecnologia da informação, com ênfase em inteligência artificial, computação quântica e letramento digital”, finalizou, reafirmando o papel crucial da juventude na inovação nacional.
O evento contou também com a presença dos ministros Rui Costa (Casa Civil), Camilo Santana (Educação), Alexandre Padilha (Saúde), Margareth Menezes (Cultura), Márcio Macedo (Secretaria-Geral da Presidência), além de representantes do movimento estudantil.
A presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), Manuella Mirella, destacou a tradição de luta do movimento estudantil e a importância simbólica do Congresso. “Estudantes de todos os 27 estados estão aqui porque acreditamos na democracia e na educação”, afirmou.
Ela lembrou o histórico da entidade e as conquistas das gerações passadas, enfatizando o legado de lutas que a UNE representa, “vestir essa camisa azul é uma prova de amor ao Brasil”, declarou.
O Congresso teve momentos de forte emoção e homenagens aos três estudantes e dois trabalhadores que perderam a vida em um acidente de trânsito a caminho do evento, ocorrido na última terça-feira (15). O presidente dedicou sua participação à memória das vítimas.
“A única coisa que este presidente pode afirmar é que vocês não serão esquecidos. Eles vieram com um sonho e nós continuaremos a realizá-lo”, assegurou Lula.
Fundo Social para assistência estudantil
Lula sancionou o Projeto de Lei 3.118 de 2024, que modifica a Lei nº 12.858/2013 para destinar recursos do Fundo Social à assistência estudantil, priorizando estudantes ingressantes por meio de ações afirmativas nas instituições federais de ensino superior e de educação profissional e tecnológica. A nova legislação assegura melhores condições a jovens em situações de vulnerabilidade socioeconômica, especialmente os beneficiados pela Lei de Cotas.
Os recursos, oriundos da exploração de petróleo e gás natural (royalties e participações especiais), serão aplicados na Política Nacional de Assistência Estudantil (Pnaes) e em programas semelhantes de estados e municípios. Essa iniciativa garante acesso a alimentação, transporte, moradia, saúde, inclusão digital e outros benefícios necessários para a continuidade dos estudos. A legislação também prevê a criação de um Sistema Nacional de Informações e Controle, com divulgação obrigatória dos dados em portais de transparência.
O 60º Congresso da UNE seguirá até domingo (20), congregando milhares de estudantes de todo o Brasil. Além das homenagens e debates, o evento também elegerá a nova diretoria da entidade.
Ministra em atividades em Goiás
Após a abertura do Congresso da UNE, Luciana Santos cumpriu agendas institucionais em Goiânia. Ela conheceu a infraestrutura do Centro de Excelência em Inteligência Artificial da Universidade Federal de Goiás (CEIA-UFG), considerado um dos principais polos de inovação em IA no país, atuando em áreas como saúde, agronegócio, logística e educação. O centro opera por meio de um modelo de tríplice hélice, com parcerias entre a universidade, o setor produtivo e o governo, mantendo articulação com a EMBRAPII.
A ministra também visitou o Instituto Federal Goiano e destacou o apoio do MCTI ao Programa Cão-Guia, que já recebeu R$ 250 mil para a formação de treinadores e instrutores.
Ela realçou ainda as iniciativas do projeto Conexão Maker – Transformando Escolas, que destina R$ 3 milhões a 30 escolas públicas de diversos municípios goianos. O projeto visa capacitar professores por meio de ações afirmativas e oferecer bolsas para estudantes, com metade das vagas reservadas para meninas e cotas para pessoas negras, indígenas e com deficiência.