Com um investimento previsto de R$ 6 bilhões, o Túnel Santos-Guarujá, que se estenderá por 1,5 km, sendo 870 metros submersos sob o canal portuário, promete revolucionar a mobilidade na Baixada Santista. Este é o maior investimento do Novo PAC, por meio do Orçamento Geral da União (OGU). A obra, esperada há quase um século, irá reduzir o tempo de travessia para apenas dois minutos. Atualmente, a travessia de balsa leva em média 18 minutos — sem contar filas e atrasos — e pela estrada, o percurso de 40 quilômetros pode levar até uma hora.
O projeto será viabilizado através de uma parceria entre os governos federal e estadual, com a participação do setor privado, responsável pela construção, operação e manutenção da estrutura. O leilão está agendado para o dia 5 de setembro, na sede da B3, em São Paulo, e o contrato terá duração de 30 anos.
Em abril deste ano, o ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, visitou o canteiro de obras do túnel Fehmarnbelt, que ligará a Alemanha à Dinamarca e é a maior obra de infraestrutura em andamento na Europa. O ministro ressaltou que “é a mesma tecnologia que será utilizada no túnel de Santos”.
Segundo Costa Filho, o uso do modelo de túnel imerso representa um avanço inédito no Brasil e poderá servir de modelo para futuros projetos em regiões costeiras. “Além de encurtar distâncias e impulsionar a logística portuária, o Túnel Santos-Guarujá reafirma o Brasil como protagonista da engenharia de infraestrutura na América Latina”, destacou.
Diferente dos túneis escavados em rocha, os túneis imersos são compostos por grandes módulos de concreto pré-moldados em docas secas. Cada módulo é construído em terra firme, testado, e posteriormente transportado por flutuação até o local de instalação. Esses blocos são cuidadosamente afundados, encaixados no leito do canal e protegidos por camadas de areia e pedras.
A escolha dessa técnica foi influenciada por fatores como a instabilidade do solo, formado por argilas moles e sedimentos fluviais, dificultando escavações profundas. A construção de uma ponte foi descartada devido às restrições impostas pela Base Aérea de Santos e ao intenso tráfego de navios no canal portuário. Além disso, o túnel imerso apresenta vantagens ambientais e urbanas, exigindo menos desapropriações, reduzindo o impacto visual e possibilitando uma execução mais rápida e eficiente.
O processo de construção seguirá passos rigorosos para garantir precisão e segurança, começando pela preparação do leito, que inclui a escavação do fundo do canal e a aplicação de uma base de concreto. Em paralelo, os módulos serão construídos em docas secas, cada um com câmaras internas de ar. Antes da instalação, cada peça passará por testes de vedação e resistência.
Após isso, rebocadores transportarão os módulos até o ponto exato para um processo de imersão controlada, onde a água será bombeada para afundar as estruturas gradualmente, tudo sob monitoramento eletrônico. Depois de posicionados, os blocos serão encaixados e nivelados com auxílio de sistemas hidráulicos e fixados com pinos de aço, assentando-se sobre uma base de areia. Uma camada de pedras finalizará o processo, oferecendo proteção contra impactos e a movimentação natural das correntes marítimas.
O túnel contará com seis faixas de tráfego, ciclovia, passagem para pedestres e espaço reservado para o futuro Veículo Leve sobre Trilhos (VLT). Estará equipado com sistemas de monitoramento em tempo real, controle inteligente de tráfego e mecanismos integrados de segurança, garantindo eficiência e confiabilidade em qualquer cenário.
Para os mais de 36 mil usuários que cruzam o canal diariamente, o projeto representa o fim das longas esperas em filas de balsas e um significativo ganho em tempo e qualidade de vida. “É uma solução inovadora, que alia tecnologia de ponta a benefício social direto. Trata-se de uma das obras de infraestrutura mais importantes em andamento no Brasil”, afirmou o ministro.
Logisticamente, o túnel também trará um impacto estratégico significativo para a região portuária. “O Túnel Santos-Guarujá não apenas conecta cidades, mas integra de forma inédita a logística portuária da região, tornando o transporte de cargas mais eficiente e seguro. É um marco estratégico para o Brasil”, declarou Alex Ávila, secretário Nacional de Portos.
Para mais notícias, acesse o TecMania.