A Netflix tornou-se sinônimo de produções originais que conquistam espectadores ao redor do globo. De séries aclamadas como “Stranger Things” e “The Witcher” a filmes como “Bird Box” e “Red Notice”, existe uma “cara” da Netflix que vai além dos conteúdos intrinsecamente diversos que oferta. Mas você já parou para pensar por que todas essas produções parecem ter uma estética visual tão semelhante, apesar dos gêneros e histórias vastamente diferentes?
A resposta para essa pergunta foi parcialmente desvendada pelo professor JD Connor, especialista em Cinema e Estudos de Mídia na USC. Em um diálogo revelador com a equipe da Motherboard da Vice, ele compartilhou que a gigante do streaming estabeleceu um padrão técnico específico para seus títulos originais. Isso inclui uma seleção restrita de câmeras e técnicas de resolução de imagem que devem ser seguidas à risca.
A definição do “visual Netflix” passa por imagens ultra nítidas em 4K HDR e uma paleta de cores cuidadosamente calibrada para transmitir sentimentos e atmosferas particulares, muitas vezes subjugando tonalidades e aplicando saturação de maneira seletiva. Esta uniformidade emerge não apenas como uma característica recorrente entre as produções, mas como uma marca registrada que os espectadores identificam e associam à qualidade e à inovação.
No entanto, cumpre destacar que a estratégia vai além da mera estética. Onipresentes são as ponderações acerca de como tais escolhas técnico-visuais refletem nos custos. Connor aponta que, embora a Netflix seja dona de um orçamento robusto, há uma tendência a investir vultuosamente em nomes famosos do elenco e da direção, economizando, assim, em outros setores como design e locações.
Esse é um dos motivos que levam a experiências de visualização uniformes, até mesmo quando comparadas a outros serviços de streaming. E, apesar de temáticas e narrativas variadas, o público pode, subconscientemente, sentir-se mais confortável com o que já lhe é visualmente familiar, promovendo uma sensação de continuidade e confiança nos conteúdos de sua escolha.
Em momentos de lançamentos bombásticos como os de “Cobra Kai”, a Netflix mostra que, mesmo dentro de um padrão predeterminado, é possível inovar e destacar-se em um mar de opções de entretenimento. Contudo, resta aos espectadores discernirem: até que ponto essa uniformidade visual é benéfica e em que medida pode interferir na experiência cinematográfica?
Enquanto isso, a plataforma continua a avançar para novas temporadas e estreias, prometendo sempre mais do seu já característico “toque Netflix” de fazer cinema e séries televisivas.
