Título: COP29: Brasil, Alemanha e Reino Unido Debatem o Papel da Ciência na Ação Climática
Durante a COP29, realizada em um estande intitulado "Ciência para Ação Climática", representantes do Brasil, Alemanha e Reino Unido se reuniram para discutir como a ciência pode servir de base para políticas públicas eficazes na luta contra a mudança climática. O painel, mediado pelo vice-coordenador da Rede Clima, Jean Ometto, teve como foco a interface entre ciência, comunicação, engajamento e a implementação de políticas que utilizem evidências científicas como fundamento.
A discussão, organizada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) em colaboração com a Rede Clima, Instituto Alana e WWF-Brasil, foi impulsionada pelo lançamento do relatório "Mudança do Clima no Brasil – Síntese Atualizada e Perspectivas Estratégicas", que destaca a importância de integrar dados científicos na formulação de estratégias para enfrentar os desafios da mudança climática no Brasil.
O coordenador-geral de Ciência do Clima do MCTI, Márcio Rojas, enfatizou que a meta é demonstrar o que a ciência pode prever e quais ações são necessárias para mitigá-los. "Estamos contribuindo para que o Brasil siga em uma boa direção", reafirmou, sublinhando o compromisso nacional de utilizar a melhor ciência disponível, especialmente em relação aos objetivos de redução das emissões de gases de efeito estufa.
A experiência da Alemanha também foi trazida a partir das palavras de Ulf Jaeckel, chefe da Divisão de Adaptação à Mudança do Clima. Jaeckel salientou a importância da independência científica na formulação de políticas públicas, alertando que a perda dessa credibilidade compromete os esforços para enfrentar a crise climática.
O Reino Unido, por sua vez, foi apresentado por Emily Nurse, que detalhou o funcionamento de um comitê independente criado em 2008 para elaborar e monitorar as metas de redução de emissões. “Utilizamos evidências científicas para fornecer nossas recomendações”, disse Nurse, observando que o país já reduziu em 50% suas emissões em comparação a 1990 e busca uma redução de 81% até 2035.
Carolina Maciel, do Instituto Alana, abordou a vulnerabilidade das crianças às crises climáticas, revelando que cerca de 40 milhões de crianças no Brasil enfrentam riscos climáticos. Ela ressaltou a necessidade de que as políticas públicas incluam as vozes das crianças, que precisam ser parte das decisões que as afetam diretamente. "A linguagem precisa ser acessível", afirmou, enfatizando a importância de engajar a juventude nesse debate crucial.
Flavia Martinelly, da WWF-Brasil, completou a discussão ressaltando a necessidade de incluir as experiências de comunidades diretamente impactadas pela mudança climática na formulação de políticas. "Elas traduzem com muito mais urgência as questões da crise climática", afirmou, mencionando a experiência positiva no envolvimento de organizações comunitárias na Amazônia.
O painel evidenciou não apenas a importância da ciência na construção de políticas públicas ambientais, mas também a necessidade de engajamento social e acessibilidade das informações para que ações efetivas sejam implementadas. A luta contra a mudança climática requer uma abordagem abrangente que respeite e incorpore diversos conhecimentos e perspectivas.
Perguntas Frequentes
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Qual é o objetivo do painel apresentado na COP29?
O painel buscou discutir como as sociedades podem usar dados científicos para enfrentar a mudança climática, apresentando perspectivas do Brasil, Alemanha e Reino Unido sobre o tema. -
Como o Brasil está utilizando a ciência em suas políticas climáticas?
O Brasil está incorporando evidências científicas em sua nova meta de redução de emissões e na construção do novo Plano Clima, buscando uma direção mais eficaz na luta contra a mudança do clima. -
Por que é importante a independência científica na formulação de políticas públicas?
A independência científica é crucial para manter a credibilidade das informações utilizadas em políticas públicas. Sem essa credibilidade, as ações podem ser comprometidas e menos eficazes. -
Como o Reino Unido está gerenciando suas emissões de gases de efeito estufa?
O Reino Unido estabeleceu um comitê independente que elabora recomendações e monitora o progresso de redução das emissões, com metas progressivas definidas com base em evidências científicas. - Qual é o papel das crianças na discussão sobre mudança do clima?
As crianças são extremamente vulneráveis aos impactos das mudanças climáticas e devem ser incluídas nos debates e na formulação de políticas, dado que são um nicho significativo da população afetada pela crise climática.