O número de pessoas com a doença de Parkinson deve triplicar nos próximos 20 anos, e cientistas estão investigando fatores que possam explicar esse aumento alarmante. Uma pesquisa recém-publicada na revista JAMA Network Open sugere que a poluição do ar pode ser um dos principais fatores de risco para o desenvolvimento da doença neurodegenerativa.
Realizado por pesquisadores da Mayo Clinic e do University of Kansas Medical Center, nos EUA, o estudo analisou a relação entre a exposição prolongada a poluentes atmosféricos e o surgimento do Parkinson. A pesquisa focou em dois poluentes principais: material particulado fino de até 2,5 mícrons (MP2,5) e dióxido de nitrogênio (NO2).
Poluição e Doença de Parkinson
Os cientistas descobriram que a inalação contínua de poluentes atmosféricos aumenta o risco de desenvolver Parkinson, condição associada a tremores, espasmos e deterioração neurológica. A doença é causada por uma combinação de fatores genéticos e ambientais, e a poluição do ar está se revelando um elemento-chave nesse processo.
Outro estudo da University College London (UCL), no Reino Unido, destacou a poluição do ar e o tabagismo como fatores de risco para demências, incluindo o Parkinson. A fumaça de queimadas também foi apontada como potencialmente prejudicial ao sistema nervoso.
Como a Poluição Afeta o Cérebro?
Com o avanço do Parkinson, as células nervosas responsáveis pelo controle dos movimentos do corpo se deterioram. A exposição frequente a partículas poluentes, como o MP2,5, pode acelerar esse declínio. “As partículas ultrafinas podem cruzar a barreira hematoencefálica, levando à inflamação, estresse oxidativo e ativação de células microgliais, que são mecanismos potencialmente patogênicos para o desenvolvimento do Parkinson”, explicam os autores do estudo.
A Ligação Entre Poluentes e Parkinson
A pesquisa envolveu 5,2 mil pessoas, incluindo cerca de 350 pacientes com Parkinson, com dados de poluição coletados entre 1998 e 2019. Os resultados mostraram que a exposição ao MP2,5 e ao NO2 estava associada a um aumento significativo no risco de Parkinson e discinesia (espasmos musculares).
Os moradores de áreas com altos níveis de poluição atmosférica tinham entre 10% e 23% mais chances de desenvolver a doença de Parkinson. A pesquisa reforça a necessidade de evitar a exposição prolongada a poluentes, especialmente em áreas metropolitanas.
Limitações e Próximos Passos
Embora o estudo apresente fortes evidências de que a poluição do ar pode contribuir para o aumento de casos de Parkinson, ele tem algumas limitações. A amostra era predominantemente composta por pessoas brancas e não incluiu análises sobre o histórico profissional, o que pode influenciar os níveis de exposição. Estudos futuros serão necessários para entender melhor as variáveis que contribuem para o aumento global dessa doença neurodegenerativa.
Esses achados destacam a importância de políticas públicas e medidas de saúde que protejam as populações da exposição excessiva à poluição do ar, à medida que os cientistas continuam a investigar a complexa relação entre o ambiente e a saúde neurológica.