Seminário do MDA aborda financiamento para a agricultura familiar em meio às mudanças climáticas
Na última terça-feira (3/12), o Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA) promoveu o seminário “Financiamento Florestas Produtivas à Agricultura Familiar em Contexto de Mudanças Climáticas”, reunindo representantes de instituições financeiras, organizações da sociedade civil e especialistas no tema para discutir o papel da agricultura familiar na sustentabilidade ambiental.
Durante o evento, o cientista Carlos Nobre, copresidente do Painel Científico para a Amazônia e pesquisador do Instituto de Estudos Avançados da USP, abriu os debates com uma palestra sobre a Amazonia e os riscos das mudanças climáticas. Ele alertou sobre o aumento do desmatamento, que já atingiu mais de 20% da floresta e é impulsionado principalmente pela pecuária e o cultivo de soja. Os dados apresentados por Nobre indicam uma situação alarmante: a Amazônia está próxima de um “ponto de não-retorno”, onde a degradação do bioma pode levar a consequências irreversíveis, como a transformação da floresta em savana e a liberação excessiva de gás carbônico na atmosfera.
Apesar do cenário desolador, Carlos Nobre enfatizou a urgência de se adotar ações governamentais e locais eficazes: “Precisamos de uma nova socioeconomia que una as ciências e as sabedorias tradicionais das populações indígenas. A união de esforços pode salvar a Amazônia e seus povos”, concluiu.
No seminário, o ministro do MDA, Paulo Teixeira, destacou os avanços nas políticas de financiamento à agricultura familiar. As linhas de crédito do Plano Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) foram ampliadas, com foco na bioeconomia e na sustentação das florestas produtivas. Durante os primeiros meses do plano Safra 2024/2025, houve um aumento notable de 53% no volume financiado para a bioeconomia e um crescimento significativo de 39% nas iniciativas voltadas à preservação florestal.
Os representantes do MDA e das instituições financeiras presentes enfatizaram a relevância do crédito rural como ferramenta essencial para enfrentar as consequências das mudanças climáticas e promover práticas agrícolas sustentáveis. O secretário de Governança Fundiária e Desenvolvimento Territorial, Moisés Savian, ressaltou que apenas 8% desse crédito está voltado para finalidades climáticas, o que justificou a necessidade de discussões mais amplas sobre restauração produtiva e sustentabilidade no campo.
O seminário, com a participação de bancos, cooperativas de crédito e representantes de diversas entidades governamentais, levantou questões adicionais sobre a necessidade de inclusão e acesso à tecnologia para comunidades isoladas. A secretária de Abastecimento do MDA, Ana Terra Reis, defendeu a força cooperativista e a sociobiodiversidade como pilares fundamentais para superar os desafios enfrentados pelas populações rurais.
Dúvidas Frequentes sobre o Seminário e o Financiamento à Agricultura Familiar nas Mudanças Climáticas:
-
Qual é o propósito do seminário promovido pelo MDA?
O seminário visa discutir soluções sustentáveis para a agricultura familiar no contexto das mudanças climáticas, promovendo o diálogo entre instituições financeiras, especialistas e representantes da sociedade civil. -
O que Carlos Nobre apresentou sobre a Amazônia?
Carlos Nobre alertou que a Amazônia está próxima de um ponto de não-retorno devido ao desmatamento e às mudanças climáticas, e que a agricultura familiar é crucial para preservar a floresta e mitigar os impactos ambientais. -
Quais foram as iniciativas do MDA ressaltadas durante o evento?
O MDA destacou o aumento de 53% no volume financiado do Pronaf para a bioeconomia e um crescimento de 39% nas iniciativas do Pronaf voltadas para a preservação florestal. -
Qual é o papel do crédito rural no enfrentamento das mudanças climáticas?
O crédito rural é considerado um instrumento crucial para financiar práticas agrícolas sustentáveis e para o enfrentamento dos impactos das mudanças climáticas, mas atualmente apenas 8% de sua aplicação é direcionada para finalidades climáticas. - Como as comunidades isoladas podem superar desafios de acesso a recursos?
Fortalecer cooperativas locais e buscar alternativas para acesso a tecnologia e programas de apoio é fundamental para apoiar comunidades isoladas no enfrentamento da crise ambiental e no acesso a financiamentos.