Nas últimas horas, foi divulgado o “teardown” do Dev Kit desenvolvido pela Qualcomm para seus chips ARM de última geração, os Snapdragon X Elite. Este dispositivo deu início à iniciativa Copilot Plus PC e, pela primeira vez, surge como uma alternativa viável ao tradicional domínio da arquitetura x86, embora ainda apresente algumas limitações. O desmontagem trouxe à tona várias informações interessantes, especialmente sobre o sistema de dissipação de calor.
O Dev Kit tem tamanho similar ao de um Mac Mini, mas a maior parte do espaço interno é ocupada por um grande dissipador de cobre, que, em conjunto com uma ventoinha do tipo “blower”, é responsável por dissipar o calor gerado pelo processador. Este robusto dissipador permite que o chip opere em níveis de potência bem mais elevados do que os vistos nos laptops disponíveis no mercado, chegando até 100 W.
Anunciado em maio, antes mesmo do lançamento dos primeiros PCs com Copilot Plus, esse tipo de ferramenta é crucial para o ecossistema, proporcionando aos desenvolvedores uma máquina de testes flexível para adaptar seus softwares de x86 para ARM. Contudo, algo pode ter saído errado. Embora o kit devesse estar disponível imediatamente, os pré-pedidos foram abertos apenas em julho, e as primeiras remessas estão chegando com grande lentidão agora.
O teardown sugere uma possível explicação: pode ter havido problemas com a porta HDMI. As especificações iniciais indicavam que haveria uma porta HDMI, mas nas unidades distribuídas não há nenhum sinal dela, sendo substituída por um dongle USB-C para HDMI. Um dos PCB apresenta uma área vazia bastante suspeita, além de resquícios de flussante. De acordo com o desenvolvedor que realizou o teardown, é possível que a porta não estivesse em conformidade ou causasse problemas nos testes da FCC, levando à decisão de removê-la. Esse fator poderia também justificar os atrasos relacionados ao Dev Kit.
Em geral, o desenvolvedor expressou certa decepção com o kit por diversos motivos. Além dos atrasos já mencionados, a inclusão do Windows 11 na edição Home, em vez da Pro, parece inadequada, especialmente considerando que o kit custa 900 dólares e limita o acesso a funcionalidades úteis, como Active Directory e o servidor de Remote Desktop.
Além disso, o desempenho do chip em si também foi considerado decepcionante, especialmente ao ser comparado aos concorrentes da Apple. A ventoinha do Dev Kit é muito barulhenta, principalmente quando comparada à de um Mac Studio, que é significativamente mais potente. Contudo, é importante observar que se trata de um kit de desenvolvimento em comparação a um produto final projetado para o mercado, o que implica um nível de acabamento muito superior no Mac.
Os problemas começam, na verdade, com o desempenho. Mesmo operando entre 80-100 W, o chip não entrega um salto significativo em desempenho em relação a quando está em 20-30 W (cerca de 15-30% de diferença) e é considerado “embaraçoso” quando comparado aos chips Apple M3 e M4. O desempenho se alinha mais aos níveis do Apple M2, que já possui dois anos, o que não é uma consolação.
De modo geral, as observações confirmam o que foi relatado recentemente na análise do Samsung Galaxy Book4 Edge: ainda existem distâncias consideráveis entre Apple e x86, cada um com suas características e desafios. A Qualcomm, por sua vez, já está trabalhando em uma segunda geração, porém, de acordo com rumores, pode demorar até 2026 para que ela seja lançada.
