O Programa Cozinha Solidária, instituído em 2021 pela Secretaria Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (SESAN/MDS), é uma das iniciativas do Governo Federal para combater a fome no Brasil. Atualmente, existem mais de duas mil cozinhas solidárias em operação no país.
Marília Leão, secretária-executiva do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea), visitou Roraima para conhecer de perto a história de Maria Ferraz, coordenadora da Cozinha Solidária do Jardim Equatorial, em Boa Vista. Maria, natural do Maranhão, vivenciou as dificuldades enfrentadas por muitos brasileiros e decidiu fazer a diferença. Com 19 anos de atuação no Movimento dos Trabalhadores Sem Teto de Roraima (MTST), ela começou a oferecer refeições para dez famílias durante a pandemia de Covid-19, o que deu origem à Cozinha Solidária do Jardim Equatorial. Hoje, além dessa unidade, Maria coordena outra cozinha em Cantar, também em Roraima.
“Durante a crise e com muitas pessoas doentes, começamos a fazer caldos para atender a dez famílias. Essa iniciativa cresceu, e atualmente estamos servindo 500 refeições por dia”, afirmou Maria, que reconhece os desafios enfrentados, ressaltando que muitas vezes essa é a única refeição do dia para muitos moradores da periferia.
O projeto, além de recursos do Programa Cozinha Solidária da SESAN/MDS, é apoiado pelo Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), uma iniciativa que visa garantir acesso à alimentação e estimular a produção da agricultura familiar, além de contar com doações de parceiros da iniciativa privada. Sobre essas colaborações, Maria afirma: “O trabalho solidário funciona assim, com parcerias; cada um dá um pouco e, juntos, atendemos as necessidades das famílias”.
Maria Ferraz propõe, no entanto, a redução da burocracia como uma forma de melhorar o acesso ao programa. Ela acredita que, embora a responsabilidade na aplicação dos recursos públicos seja crucial, procedimentos excessivos tornam o acesso mais difícil. “A burocracia é enorme e nos sufoca. Para dar um prato de comida, precisamos pegar o CPF do cidadão, e muitos não se sentem à vontade para fornecer essa informação”, lamenta.
Com a escolha de dedicar sua vida à promoção do bem-estar e à alimentação adequada de centenas de famílias, Maria expressa o desejo de que o governo amplie a atenção aos movimentos sociais e à segurança alimentar. “Peço ao presidente Lula que olhe mais para nossas bases nos movimentos sociais, nas periferias e na agricultura familiar. Conseguimos diminuir o déficit da fome, mas ainda há muito a fazer”, conclui.
As cozinhas solidárias são uma tecnologia social de combate à fome, organizadas pela sociedade civil para fornecer refeições gratuitas a grupos em situação de vulnerabilidade socioeconômica e insegurança alimentar. Essas iniciativas operam de forma voluntária, reunindo esforços da comunidade e, agora, contando com o apoio do Programa Cozinha Solidária.
Cada unidade possui gestão própria, desenvolvendo atividades de interesse coletivo, como oficinas de educação alimentar. A Secretária-Geral da Presidência da República desempenha um papel crucial no programa e, em recente visita, o ministro Márcio Macêdo destacou que as Cozinhas Solidárias são mais do que locais de fornecimento de refeições, mas também espaços de diálogo e convivência para as comunidades.
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