A ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, participou nesta quarta-feira (27) da cerimônia de encerramento do Encontro Empresarial Brasil–México, realizado na Cidade do México, e enviou uma mensagem clara ao setor produtivo: Brasil e México estão adotando uma abordagem de complementaridade, deixando para trás a lógica de concorrência. “Atualmente, nossas economias se mostram complementares. O Brasil possui o que o México necessita, assim como o México tem o que o Brasil precisa”, destacou.
Durante sua fala, Tebet revisitou a trajetória recente das duas nações, contrastando o passado com a agenda presente. A ministra enfatizou as semelhanças culturais e o espírito latino que unem os países, apesar das barreiras lingüísticas. Segundo ela, o foco da relação bilateral se concentra na melhoria do comércio, investimentos e produtividade, com ênfase na justiça social. “É através do comércio e da força do setor produtivo que um país se desenvolve e supera seus desafios”, afirmou.
A ministra também pediu clareza institucional e foco nas prioridades diante de desafios tecnológicos e da polarização em um cenário comercial global hostil. “Devemos deixar de lado a polarização e os extremos que afligem o mundo”, comentou.
Simone Tebet convocou os empresários a reagrupar forças e ampliar parcerias. “Brasileiros, venham para o México. Empresários mexicanos, dirijam-se ao Brasil. Vocês serão bem-vindos”, disse. Para a ministra, a combinação de reformas econômicas, cooperação técnica e integração das cadeias produtivas oferece um terreno fértil para novos projetos, especialmente nas áreas de infraestrutura logística e integração produtiva.
Entre os principais pontos de cooperação, Tebet ressaltou a transferência de conhecimento em biocombustíveis, citando um dos memorandos de entendimento assinados. “Embora não possamos vender açúcar ao México, que é autossuficiente, eles precisam da tecnologia do etanol brasileiro, e isso é o que caracteriza nossa parceria”, afirmou.
A ministra também citou outras oportunidades no setor alimentício, destacando que o Brasil, grande produtor de soja e milho, precisa de produtos que não consegue cultivar, como pêssegos, aspargos e atum.
Além disso, Tebet enfatizou a importância de desburocratizar o intercâmbio de pessoas e investimentos, destacando a urgência do visto eletrônico como uma medida para beneficiar o turismo e os negócios. “A implementação do visto eletrônico é essencial, pois 100 mil brasileiros deixaram de visitar o México devido às dificuldades atuais”, destacou.
A ministra apresentou as reformas em tramitação no Brasil, incluindo uma significativa reforma tributária que visa desburocratizar e reduzir a carga fiscal, a qual, segundo ela, pode contribuir para um crescimento de 0,5% do PIB a partir de 2027. Ela também comentou sobre uma proposta em exame no Congresso que isentaria da tributação quem ganha até R$ 5 mil, prevendo injeções de até R$ 25 bilhões na economia.
Desde sua chegada ao México, Tebet participa de uma missão ampla, sob a liderança do vice-presidente Geraldo Alckmin, acompanhada por outros ministros e representantes do governo. Durante a visita, foram assinados três memorandos de entendimento que visam estabelecer novas parcerias. “Esses acordos são passos decisivos para promover dignidade e justiça social em nossos países”, afirmou.
Em 2024, o comércio bilateral entre Brasil e México atingiu US$ 13,6 bilhões, com o Brasil exportando US$ 7,8 bilhões, principalmente em veículos e carnes, enquanto as importações totalizaram US$ 5,8 bilhões, com foco em componentes automotivos. Para a ministra, há grande potencial para ampliar e diversificar os fluxos comerciais.
“Devemos nos orgulhar da paixão e da energia que nos unem, e a única barreira pode ser a língua, mas a criatividade do povo latino permite que Brasil e México se comuniquem como um só”, brincou Tebet.
Nesta quinta-feira (28), a ministra prosseguirá com sua agenda em órgãos do governo mexicano e com líderes do setor privado. Ela se reunirá com a presidenta Claudia Sheinbaum, o secretário de Saúde e representantes empresariais.
Ao final de sua fala, expressou otimismo em relação ao futuro da missão. “Saio impressionada com os resultados. Estamos começando uma nova e próspera fase nas relações entre México e Brasil”, concluiu.
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