Em um retrato meticuloso da complexa figura de Howard Hughes, Martin Scorsese surpreende com um momento particularmente emblemático em “O Aviador”. Um frame preciso, colocado sutilmente no filme, revela muito mais do que podemos perceber a uma primeira vista. O talento de Scorsese e Leonardo DiCaprio converge em uma cena que, se pausarmos aos 2 horas, 44 minutos e 44 segundos, revela uma imagem quase subliminar: o esqueleto de DiCaprio surge na tela, ilustrando a exposição vulnerável de Hughes perante a comissão do senador Brewster.
A representação não é gratuita; ela ocorre justamente quando Hughes enfrenta um interrogatório sobre acusações de corrupção. Os flashes incessantes dos fotógrafos, aliados à criatividade de Scorsese, transmitem o estado mental de Hughes, evocando o simbolismo de uma radiografia que desnuda não apenas o físico, mas também a psique abalada do magnata. É a perfeita união entre a atuação penetrante de DiCaprio e a direção assertiva e artística de Scorsese.
Esse toque de mestre é exemplo da habilidade cinematográfica de Scorsese em transmitir mensagens profundas em frações de segundo, utilizando-se de uma linguagem visual que muitas vezes escapa à percepção imediata do espectador. Este e outros aspectos de “O Aviador” podem ser revisados na íntegra, com o filme disponível para compra ou aluguel no Prime Video.
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