A história da tecnologia é repleta de revoluções e obsolescências, um ciclo que parece acelerar-se a cada nova invenção. Esse é o caso do iPod, o icônico dispositivo de música da Apple, cuja linha foi oficialmente descontinuada em 2022. Em retrospectiva, podemos lembrar das palavras de Bill Gates, fundador da Microsoft, que em 2005 previu que o deslumbrante sucesso do iPod não seria duradouro.
Em 12 de maio daquele ano, Gates expressou ao jornal alemão Frankfurter Allgemeine Zeitung sua visão sobre o futuro do iPod, comparando-o com a história do Macintosh. Seu argumento centrava-se na emergência dos smartphones, que na época começavam a insinuar-se no mercado. Segundo ele, “Por melhor que a Apple seja, não acredito que o sucesso do iPod seja sustentável no longo prazo.” Esta declaração refletiu seu pensamento de que os smartphones usurpariam a necessidade de dispositivos dedicados exclusivamente à música.
Embora a predição sobre o destino do iPod tenha sido precisa, Gates subestimou a capacidade da Apple de se reinventar e antecipar tendências. O iPhone, apresentado ao mundo em 2007, unificou música, telefonema e funcionalidades de internet num único dispositivo, redefinindo o conceito de smartphone e consolidando a liderança da Apple no segmento.
A trajetória subsequente da Apple e da Microsoft divergiu significativamente nos anos que se seguiram. Enquanto a Apple apostava e aprimorava o iPhone, a Microsoft experimentou com o seu Windows Phone, sem alcançar o sucesso desejado, culminando na descontinuação do sistema em 2015. Em contrapartida, a Apple, no segundo trimestre de 2024, reportou uma significativa receita de US$ 90,75 bilhões, das quais 50,6% provieram das vendas do iPhone, marcando um contraste nitidamente distinto frente à era do iPod, que chegou a representar 45% da receita total da empresa.
O sucesso da Apple no mercado de smartphones, em contraste com os reveses da Microsoft, ilustra a importância da inovação e da capacidade de prever e adaptar-se às mudanças do mercado. O legado do iPod vive na maneira como ouvimos música hoje, mas é o iPhone que definiu o atual paradigma da computação móvel, graças à visão estratégica de Steve Jobs e sua equipe. A Apple antecipou o futuro e, em vez de se agarrar ao sucesso do passado, criou o palco para um novo líder na era digital.
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