O Brasil está se tornando um campo de batalha significativo para as montadoras internacionais, com Volkswagen e BYD liderando a corrida pelo lítio, um recurso crucial para a fabricação de baterias de veículos elétricos. A Sigma Lithium, uma das maiores produtoras de lítio no Brasil, está no centro dessa disputa.

Volkswagen, uma gigante alemã do setor automotivo, está em busca de dominar a cadeia produtiva do lítio para tornar seus veículos elétricos mais competitivos. A empresa planeja lançar um veículo elétrico na Europa a um preço acessível e expandir sua frota de veículos elétricos nas estradas até 2029.

Por outro lado, a BYD, a maior fabricante de carros elétricos do mundo, com sede na China, planeja investir R$ 3 bilhões em sua primeira fábrica de veículos elétricos fora da Ásia, localizada no Brasil. A estratégia da BYD inclui não apenas a fabricação de veículos elétricos, mas também a exploração e beneficiamento do lítio, além da fabricação de baterias, demonstrando uma abordagem de verticalização completa.

Além disso, o Brasil tem o potencial de se tornar uma potência na produção de lítio, de acordo com a co-CEO da Sigma Lithium Resources Corporation, Ana Cabral-Gardner. A flexibilização do comércio exterior de lítio no Brasil pode atrair empresas estrangeiras para a mineração no país, impulsionando investimentos significativos nos próximos anos. A Sigma Lithium, sediada no Canadá, espera triplicar sua capacidade de produção anual e se posicionar como uma das maiores do mundo neste setor.

A produção do lítio pela Sigma é destacada pelo seu caráter ambiental, sendo considerado o primeiro “lítio verde do mundo”, com uma produção que não envolve carbono, rejeitos ou químicos nocivos, além de utilizar energia exclusivamente renovável e reutilizar 100% da água.

Esta disputa pelo lítio brasileiro entre grandes montadoras internacionais não só reforça a importância estratégica do Brasil no mercado global de veículos elétricos, mas também sublinha a crescente importância de práticas sustentáveis e ambientalmente responsáveis na produção de recursos minerais essenciais.

A China acaba de fazer um anúncio que pode redefinir o panorama global de recursos energéticos: a descoberta de uma jazida de lítio colossal em Yajiang, na província de Sichuan. Com reservas estimadas em cerca de um milhão de toneladas, esta descoberta coloca a China no centro das atenções na corrida mundial pelo “ouro branco” do século 21.

Este lítio, um metal alcalino leve e reativo, é um componente chave para a fabricação de baterias de íon-lítio, fundamentais para a indústria de veículos elétricos e armazenamento de energia renovável. A notícia vem em um momento crucial, onde a demanda global por lítio está disparando, principalmente devido ao aumento da popularidade dos veículos elétricos e ao crescente foco em fontes de energia sustentáveis.

Antes dessa descoberta, a China já possuía cerca de 7% das reservas de lítio identificadas mundialmente, ficando atrás de países como Bolívia, Argentina, EUA, Chile e Austrália. No entanto, a China se destaca na refinação do lítio, processando cerca de metade do lítio global, apesar de depender fortemente do mercado externo para obter a matéria-prima.

Além disso, a China lidera a produção de baterias de veículos elétricos, controlando aproximadamente 70% do mercado. A BYD, com sede em Shenzhen, superou recentemente a Tesla, tornando-se a maior fabricante de veículos elétricos do mundo. Essa nova jazida pode intensificar ainda mais a influência da China na indústria global de veículos elétricos e baterias.

Essa descoberta tem implicações significativas não apenas economicamente, mas também geopoliticamente. A crescente procura por lítio como um recurso estratégico está transformando a geopolítica das energias renováveis. A Agência Internacional de Energia (AIE) estima que a demanda global por lítio possa aumentar mais de 40 vezes até 2040. Este controle sobre uma parte considerável da cadeia global de lítio pode trazer enormes benefícios econômicos e geopolíticos para a China.

A descoberta desta jazida de lítio não apenas solidifica a posição da China como um player crucial no mercado global de energias renováveis, mas também sinaliza uma mudança potencial no equilíbrio de poder no que diz respeito ao acesso a recursos críticos para o futuro da energia sustentável.