Umidade gerada em terras indígenas leva chuva para todo o Brasil
Um novo estudo encomendado pelo Instituto Serrapilheira revela um dado surpreendente sobre o papel das Terras Indígenas (TIs) na mitigação da crise hídrica e climática que atinge o Brasil. Realizado por uma equipe de dez pesquisadores, o estudo confirma que as florestas dessas TIs são essenciais para a segurança hídrica do país e que a umidade gerada por elas contribui significativamente para as chuvas em 18 estados brasileiros, além do Distrito Federal.
As TIs funcionam como verdadeiros "rios voadores", reciclando e transportando umidade através da evapotranspiração e, assim, garantem a presença de chuvas em regiões distantes. Por exemplo, áreas nos estados do Acre, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Paraná recebem até um terço de suas precipitações anuais a partir dessa umidade gerada nas florestas indígenas. Essa dinâmica natural é vital não apenas para o clima, mas também para a produção agrícola, já que mais de 50% da produção de alimentos em muitos desses estados provém da agricultura familiar.
O estudo enfatiza que a proteção das florestas em terras indígenas é um pilar fundamental para a segurança alimentar e econômica do Brasil, especialmente em tempos de desmatamento e mudanças climáticas que ameaçam esse ecossistema crucial. A pesquisa aponta que, enquanto Rondônia e Mato Grosso estão entre os nove estados mais beneficiados pelas chuvas oriundas das TIs, são também os que mais desmataram nos últimos 30 anos.
Com as TIs concentrando a maior parte de sua influência nas regiões Sul, Centro-Oeste e Norte, fica evidente a necessidade urgente de preservar esses territórios não apenas para a manutenção da biodiversidade, mas também para garantir a segurança hídrica e alimentar de uma nação que depende tanto de suas florestas.
A documentação e a demarcação das Terras Indígenas não são apenas uma questão de justiça social para os povos nativos, mas também representem um interesse coletivo em prol da sustentabilidade do meio ambiente e da economia nacional. A prática sustentada de proteger essas áreas pode criar um ciclo virtuoso onde as florestas preservadas continham a reter a umidade no solo, garantindo o fornecimento de água e alimento para todos.
Este estudo, de natureza interdisciplinar, conta com a colaboração de especialistas em áreas diversas como hidrologia, biodiversidade, ecologia, matemática e clima, evidenciando a complexidade e a interconexão dos sistemas naturais.
Além disso, o documento completo está disponível para acesso público através do link: Nota técnica sobre TIs Amazônia 2024.
Perguntas e Respostas
1. O que são Terras Indígenas (TIs) e por que são importantes para o clima do Brasil?
As TIs são áreas cuja posse é tradicionalmente ocupada por povos indígenas. Elas são importantes porque, através da preservação das florestas, contribuem para a umidade do ar e a formação de chuvas, fundamental para a irrigação de outras regiões do Brasil.
2. Como as TIs influenciam a quantidade de chuvas em outras partes do Brasil?
As florestas nas TIs geram um fenômeno conhecido como “rios voadores”, que transportam umidade para outras regiões por meio da evapotranspiração, contribuindo para as chuvas em áreas distantes, especialmente nos estados do Sul e Centro-Oeste.
3. Qual porcentagem das chuvas anuais no Brasil depende das TIs?
O estudo indica que até 30% das chuvas anuais que irrigam as terras agrícolas no Brasil são provenientes da reciclagem de água gerada nas TIs da Amazônia.
4. Quais estados são mais influenciados pela umidade gerada nas TIs?
Os estados mais influenciados incluem Acre, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e os três estados do Sul: Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina.
5. O que a pesquisa recomenda para garantir a sustentabilidade das TIs e do clima?
A pesquisa recomenda a proteção e demarcação das Terras Indígenas, enfatizando a importância de conservar as florestas para manter a segurança hídrica e alimentar, além de defender os direitos dos povos indígenas, que historicamente cuidam dessas terras.
