No dinâmico mundo das telecomunicações brasileiras, uma virada inesperada aconteceu quando a Winity, uma operadora emergente, decidiu abandonar seu ambicioso projeto de se tornar uma quarta operadora nacional. Em novembro de 2021, a empresa havia arrematado um cobiçado espectro de 700 MHz, com o intuito de operar no mercado de atacado, fornecendo infraestrutura para outras operadoras, e não diretamente para o consumidor final. Esta operação envolveu um investimento considerável de R$ 1,42 bilhão, significativamente acima do preço mínimo estipulado pela Anatel.
Contudo, a jornada da Winity neste segmento foi breve. Em agosto de 2022, ela firmou um acordo com a Vivo para alugar parte deste espectro, mas a proibição imposta pela Anatel da Vivo em fazer compartilhamento de rede (RAN Sharing) nas frequências de 2,3 GHz e 3,5 GHz em municípios menores até 2030 foi um fator crucial na decisão da Winity. Este acordo era fundamental para que a Winity construísse sua infraestrutura e cumprisse seus compromissos de cobertura em estradas e localidades não atendidas por 4G. Assim, a Winity decidiu renunciar ao espectro e desistir de ser uma operadora de celular, embora continue operando como provedor de infraestrutura, incluindo um contrato para cobertura 4G, 5G e Wi-Fi nas linhas de metrô de São Paulo.
Interessantemente, esta não é uma ocorrência isolada no leilão do 5G no Brasil. A Winity é a terceira operadora a desistir de seu espectro após o leilão. Antes dela, a FlyLink e a Neko também renunciaram aos seus respectivos blocos de espectro, evidenciando os desafios do mercado de telecomunicações no país, especialmente em relação ao espectro mmWave de 26 GHz, conhecido por seu alcance limitado e necessidade de maior densidade de antenas.
