No último ano, a China alcançou marcos significativos na indústria de semicondutores, superando as sanções impostas por potências globais e avançando rumo à independência tecnológica. Apesar dos obstáculos, fabricantes chineses de chips, como a Semiconductor Manufacturing International Corporation (SMIC) e a Shanghai IC R&D Center, desempenharam papéis cruciais na produção de chips de última geração, mostrando uma evolução notável na capacidade tecnológica do país.
Em uma demonstração de resiliência e inovação, a Huawei lançou o terminal Mate 60 que suporta chamadas via satélite sem necessidade de uma antena externa, um feito que destaca avanços significativos na tecnologia de comunicação por rádio. Ainda mais impressionante é a capacidade da rede celular do Mate 60 de atingir velocidades de 5G, graças ao componente modem do sistema Kirin 9000s, um SoC (System on Chip) que, acredita-se, foi fabricado dentro da China, contornando as restrições de exportação dos EUA.
No campo dos chips de memória, a Yangtze Memory Technologies Corp. (YMTC), com sede em Wuhan, anunciou avanços com sua tecnologia “Xtacking”, liderando a produção de chips NAND 3D de 232 camadas, superando gigantes da indústria como a Samsung e a Micron. Esses avanços não apenas posicionaram a China na vanguarda da inovação em armazenamento de dados mas também contribuíram para a redução significativa dos preços dos SSDs (Solid-State Drives) para os consumidores.
A China também fez progressos em outras áreas da tecnologia de semicondutores, desenvolvendo o primeiro chip fotoeletrônico super analógico do mundo, fazendo avanços em chips de memória de cálculo e desenvolvendo seu primeiro chip transceptor RF 5G reconfigurável. Essas conquistas sublinham o compromisso do país com a independência tecnológica e seu potencial para competir globalmente no setor de semicondutores.
Apesar do sucesso, a jornada da China em direção à auto-suficiência tecnológica não tem sido sem desafios. A SMIC conseguiu um avanço significativo com a produção de chips de 7nm em 2022, um salto de 14nm em apenas dois anos. Este progresso, conseguido sem o uso de equipamentos de litografia avançada, é uma prova da capacidade de inovação do país, mesmo diante de restrições severas de acesso a tecnologias avançadas de fabricação de chips.
A Huawei adotou uma abordagem incomum ao lançar seus smartphones Kirin 9000S, anunciando os modelos Mate 60 e Mate 60 Pro disponíveis imediatamente, sem um evento de lançamento prévio. Este lançamento surpresa coincidiu com a visita da Secretária de Comércio dos EUA à China, sugerindo que a Huawei pode ter recebido ordens especiais para antecipar o lançamento destes dispositivos 5G. Posteriormente, a China anunciou um fundo de $40 bilhões para impulsionar ainda mais sua indústria de chips, reforçando seu compromisso com o desenvolvimento tecnológico.
Enquanto a China celebra seus avanços tecnológicos, o fechamento de 10.900 empresas relacionadas a chips em 2023 evidencia os desafios econômicos enfrentados pelo setor. Contudo, a inscrição de 65.700 novas empresas de chips no mesmo período indica uma contínua aposta no desenvolvimento da indústria semicondutora nacional, destacando a crescente dependência da China em relação à sua cadeia de suprimentos local.
